Uma mulher indiana matou suas três filhas e depois tentou se suicidar porque estava deprimida ao não conseguir ficar grávida de um menino, em uma sociedade na qual é notória a preferência pelas crianças do sexo masculino, informou nesta terça-feira (10) a imprensa local.
A mãe, Radha Devi, de 27 anos, tentou se suicidar na tarde de segunda-feira (9) em Nova Délhi se pendurando em uma árvore, mas alguns pedestres a viram e conseguiram salvá-la, afirmaram fontes policiais à agências “Indian Express” e “Ians”.
A polícia encontrou no pé da árvore na qual a mulher tentou se suicidar os corpos de suas três filhas de 8 meses, 3 anos e 8 anos, que ao que tudo indica foram estranguladas.
Antes de assassinar as meninas, Devi ligou para seu marido para contar sobre sua intenção, mas quando o homem chegou ao local do fato suas filhas já estavam mortas, de acordo com a polícia.
A mulher passava por um tratamento médico por depressão e ansiedade e narrou à polícia no hospital para onde foi levada que não era feliz, ao ser incapaz de engravidar de um filho homem.
Na Índia a preferência pelos meninos ocorre porque o filho perpetua a linhagem, herda a propriedade e cuida de seus pais na velhice, enquanto, no caso das meninas, os progenitores devem pagar um grande dote à família do namorado.
Como causa desse fator cultural, no gigante asiático são praticados de maneira ilegal abortos seletivos e feticídios femininos.
O censo indiano de 2011 revelou que há 7,1 milhões de meninos a mais que meninas com idades compreendidas entre os 0 e 6 anos; e no total da população indiana (de 1,2 bilhão de pessoas), há 940 mulheres para cada mil homens.
Segundo a ONG ActionAid, a Índia “perde a cada dia” cerca de 7 mil meninas que morrem antes de completar 6 anos, algumas porque são assassinadas logo após nascer, em uma sociedade que “em grande medida despreza a mulher”.