A expectativa é aproveitar o fim de semana para sair com os amigos, mas a realidade é ficar em casa porque tudo parece caro demais? Você não está sozinho nessa: outros jovens estão passando pela mesma situação País afora. E a sensação de que a grana não dá mais para um passeio básico é verdadeira. Em 2017, os preços do “rolê” variaram 4,48%, acima da inflação geral de 2,95%, medida pelo Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística (IBGE).
Sua conta não fecha porque, juntos, os preços de itens como cinema, balada, lanches, refrigerantes, doces, internet no celular e gasolina – fundamentais para um típico rolezinho – apresentaram alta neste período. Os dados foram escolhidos entre os que já fazem parte da pesquisa feita pelo IBGE para calcular a inflação no Brasil, o Índice de Preços ao Consumidor (IPCA), na linguagem técnica. E os cálculos foram realizados com a consultoria do professor Wagner Monteiro, da Escola de Economia da Fundação Getúlio Vargas.
Como não é possível mudar o valor da conta da lanchonete ou da entrada na balada, a solução tem sido repensar as saídas. Estudante de administração na Universidade de Brasília, Luisa Cury, de 21 anos, divide as medidas que vem adotando: dar prioridade aos passeios que não se quer deixar de fazer e pensar na quantia a ser gasta de cada vez. “Escolher itens mais baratos do cardápio, ir ao cinema em dias de promoção e dividir o transporte com os amigos também são boas opções para reduzir os gastos com lazer.”
Ela faz algo bem parecido com o que o educador financeiro Ricardo Natali chama de lei da compensação. “Isso é estabelecer as prioridades. Se gastou muito em um dia, economiza no outro”, explica. Natali complementa que o ideal é o jovem ter uma noção real do quanto ele ganha e do quanto ele gasta todo mês para saber quanto pode gastar com cada item, transporte, diversão, alimentação. “É uma questão de entendimento para traçar um planejamento e realizar todas as vontades”, diz.
Está certo, já sabemos que houve inflação no rolê em 2017. Mas qual é o preço agora, em julho, de uma saída simples? Basta fazer as contas para levar um susto. Entre as seis capitais pesquisadas pela reportagem, o valor médio de um rolezinho incluindo transporte público, lanche e filme fica entre R$ 44 (Curitiba) e R$ 62 (São Paulo), tirando os centavos a mais ou a menos. Se for para multiplicar esse valor pelo número de saídas, o resultado está fora das possibilidades de muitos jovens.
Em Manaus, onde mora Adrian Santos, de 20, por exemplo, o total fica perto dos R$ 47. “Costumo ir a um rolê apenas uma vez a cada três ou quatro meses”, conta. “Não é algo que dê para fazer várias vezes na semana ou mesmo no mês.”
Do transporte ao lanche, todos os preços são mais altos na capital paulista. Uma realidade que a estudante Isabel Maia, de 15, conhece bem. “Geralmente, os rolês que eu faço são em lugares como shoppings ou lanchonetes fast food. Na maioria das vezes, é mais caro de que eu posso gastar”, diz. O resultado é que ela tem ficado mais em casa, seja assistindo a filmes com a família ou jogando videogame com os amigos.
Para o coordenador do MBA em Gestão Financeira da Fundação Getúlio Vargas (FGV), Ricardo Teixeira, o planejamento financeiro de cada jovem tende a variar de acordo com a disponibilidade financeira da família. “A melhor orientação para os pais é ensinar aos filhos, desde pequenos, como eles podem gerenciar o dinheiro para que possam tomar decisões no futuro.”
Outra dica é poupar em alguns fins de semana. É o que faz a brasiliense Maria Luisa Albuquerque, de 23. Quando não consegue ir a restaurantes ou ao cinema, seus programas favoritos, ela parte para a versão low cost. “Fico em casa vendo Netflix, chamo meu namorado para cozinharmos juntos ou trago algumas amigas aqui em casa”, conta.