Globalização
Ingenuidade faz renascer a teoria conspiratória
Publicado
emPedro Augusto Pinho
O sentimento de nação, de pátria é muito forte e não há porque não o ser. Do mesmo modo que a mãe é a primeira referência do bebê, a família da criança, a pátria, a nação é do jovem e bem antes de prestar qualquer serviço civil ou militar à comunidade ou ao País. Vem das disputas esportivas, do conhecimento da história, do saber de outras culturas e comportamentos.
A globalização, a ideia de qualquer universalização só aparece como uma ideologia, seja política, religiosa ou qualquer tipo de pensamento que se apresente universal.
Os usos podem ser vários: a ideologia racial, colonial que pretendia colocar todos os humanos a serviço de uma raça, uma potência. A ideologia socialista sob uma classe; a religiosa sob um deus, a um ritual; hoje, a ideologia financeira quer nos colocar, a todos, sob o domínio ainda mais restrito de algumas dezenas de famílias, que controlam as finanças “de um mundo sem fronteiras”.
É curioso, não fosse trágico, que o apelo à paz, à fraternidade, à união dos povos, propagada pela banca, não escondesse a escravidão, a sujeição de todos ao império destas famílias.
Os instrumentos deste sistema financeiro internacional, que denomino a banca, são diversos e em constante aperfeiçoamento. Alguns ingênuos repetirão tratar-se de teorias conspiratórias, que os bons planejadores difundem para evitar maiores análises, aprofundar conhecimentos que trouxessem à luz seus verdadeiros objetivos.
A banca, nesta atual conformação, atua desde meados do século XX e como a vitoriosa no mundo capitalista desde 1990. As bases deste poder foram lançadas durante a década de 1980, sob o manto do neoliberalismo e do estado mínimo. Foi competente para dominar, em primeiro lugar, as tecnologias da informação (tratamento/manipulação de dados; controle de fontes, inserção de ruídos nas transmissões, mudanças de códigos etc) e os veículos de comunicação de massa, depois corromper instituições internacionais e nacionais e, por fim, se apoderar de governos de países, os mais ricos e poderosos, mas todos, como um verdadeiro vírus maléfico.
Hoje até fiéis servidores da banca, como o ex vice-diretor-geral do Fundo Monetário Internacional (FMI) e ex-presidente executivo do maior fundo de investimentos financeiros, a PIMCO, o novaiorquino Mohamed El-Erian, em seu livro “A Única Solução”, descrevem suas ações e suas formas de conquista. Para quem não é do ramo, a Pacific Investment Management Company LLC (PIMCO) é empresa com sede nos Estados Unidos da América (EUA), atuando em 12 países, movimentando perto de 2 trilhões de dólares, cerca de 25% do que estas famílias colocam ao redor do mundo em seu plano de dominação.
O maior incômodo e desafio da banca é o nacionalismo. A ideia de que um País deve ter seu governo em favor dos seus nacionais, dos que lá nasceram ou se estabeleceram em caráter permanente. E é esta a razão de tantas agressões à Rússia, à Federação Russa, cujo dirigente coloca os interesses da Federação acima de qualquer outro. Devem estar lembrados da triste e vergonhosa figura do presidente Boris Iéltsin, lá colocado pela banca.
Aqui no Brasil, malgrado a ação não agressiva à banca dos governos petistas, esta resolveu pelo golpe de maio de 2016, pois alguns programas governamentais a favor da construção da cidadania poderiam ensejar uma forte e consistente repulsa popular ao domínio. Vamos a mais um projeto da banca.
Procurando entender a moeda virtual denominada bitcoin, encontro algumas pérolas de agressão à cidadania e à própria ação ética. Senão vejamos.
No que é dito sob os títulos de transparência, descentralização, diferença positiva em relação a outras moedas, se infere que:
primeiro, você será um sonegador de impostos, pois as transações são de pessoa a pessoa, como a compra de cocaína a um traficante que só aceita em espécie, como ele entrega sua mercadoria;
segundo, além de colocar-se fora das autoridades fiscais do país, você, de modo inexplicável, fica sem o controle bancário. De duas, uma: alguém (a banca, que é mestra em informação) garantiria a troca ou haveria sempre, de um lado, um trouxa, ou, no simbolismo da FIESP, um pato amarelo;
terceiro, terá o anonimato. Mais um reforço à fuga de impostos. Pagar imposto a governo constituído democraticamente é um dever cidadão. Mas é claro que cidadania e banca são opostos. E mais, quem vai garantir este anonimato contra chantagem;
quarto, e paro aqui pois ainda terei muito a expor sobre esta moeda, o bitcoin se propõe uma moeda global. Agora me diga, caro e arguto leitor, quem é, hoje, mais global do que o sistema financeiro que não precisa de passaporte, não enfrenta alfândegas e entra, pela porta dos fundos ou até pela frente, em toda a parte, em todos os países? Quem pois será o controlador das transações em bitcoins? Quem controlará e ameaçará com os Moros da vida, com as espionagens às claras as movimentações “irregulares”? Uber e bitcoin, é esta a modernidade: trabalho sem direitos, moeda invisível?
Ah! Esta teoria conspiratória que ignora os planejamentos de diferentes prazos, os domínios das pessoas pela comunicação de massa e o controle das instituições pelo suborno e pela chantagem!