O primeiro-ministro britânico Boris Johnson vai encaminhar esta terça-feira (29) projeto de lei que propõe, mais uma vez, a realização de eleições antecipadas, comprometendo-se desta vez com a data de 11 de dezembro. A tentativa de quebrar o impasse em torno do Brexit surge um dia depois de os membros do Parlamento terem rejeitado eleições gerais para o dia 12 de dezembro.
A “breve proposta de lei”, como chamou Boris Johnson, sugere uma nova votação dos deputados sobre eleições antecipadas que apenas necessitará de uma maioria simples para ser aprovada, em vez de maioria de dois terços, como aconteceu na segunda-feira (28).
Ainda assim, o primeiro-ministro precisa do apoio de pelo menos alguns deputados dos partidos da oposição que ontem (28) lhe viraram costas, nomeadamente o Partido Trabalhista, os Liberais Democratas e o Partido Nacional Escocês, que optaram pela abstenção ou por votar contra.
Esse apoio deverá estar agora garantido, depois de o líder trabalhista, Jeremy Corbyn, declarar esta terça-feira que a condição que tinha imposto para apoiar eleições antecipadas – a de uma garantia de que um Brexit sem acordo não acontecerá – foi aceita.
“Eu frisei consistentemente que estávamos prontos para eleições e que o nosso apoio apenas dependia da garantia de que o Brexit sem acordo não iria acontecer”, declarou Corbyn, de acordo com membros do seu gabinete.
“Soubemos agora pela União Europeia que a extensão do Artigo 50 até 31 de janeiro foi confirmada”, explicou. “Iremos agora avançar com a campanha mais radical e ambiciosa para uma mudança real que o nosso país jamais viu”.
O apoio dos Liberais Democratas e do Partido Nacional Escocês também deverá estar garantido, uma vez que estes dois partidos já tinham proposto a data de 11 de dezembro em vez de dia 12 para a realização de eleições, sugestão a que Boris Johnson decidiu ceder.
Resultados imprevisíveis
Caso se avance com eleições antecipadas, estas serão as primeiras a realizar-se na época natalícia no Reino Unido desde 1923 e o resultado será imprevisível, em um momento em que a população se mostra impaciente devido à demora em concretizar o Brexit.
Um cenário de eleições já em dezembro tanto pode voltar a atribuir o poder a Boris Johnson, que continuaria assim a tentar fazer passar o seu acordo para o Brexit, ou ao líder trabalhista Jeremy Corbyn, que provavelmente tentaria renegociar o acordo ou alcançar um novo referendo.