Os laços educacionais que ligam Reino Unido e Brasil estão mais fortes do que nunca. Desde 1938, quando levamos o poeta Vinicius de Moraes a Oxford (como primeiro bolsista brasileiro do governo britânico), até hoje, com o programa Ciência sem Fronteiras, foram milhares de estudantes em nossas escolas e universidades.
O programa Chevening, que oferece bolsas de mestrado a jovens com potencial de liderança, triplicou o número de vagas para brasileiros no ano passado. Enquanto escrevo, cerca de 80 deles estão com as malas prontas. Embarcam em setembro para começar seus estudos na Inglaterra, Escócia, País de Gales e Irlanda do Norte. Temos muito a comemorar. Mais que isso, o Reino Unido quer ampliar as iniciativas em torno da educação aqui no Brasil.
Estamos muito animados com as novas iniciativas bilaterais em torno do ensino técnico-vocacional. Entre as prioridades na área de educação estão programas e projetos que valorizem o talento de indivíduos que, por um motivo ou outro, não desejam ou não podem ingressar em uma universidade. Sabemos, com certeza, que o Brasil conhece o potencial do ensino profissionalizante, um setor da educação extremamente importante para a economia de qualquer país.
Hoje, existem no Reino Unido 382 colleges dedicados ao treinamento de mais de 3 milhões de indivíduos todos os anos: jovens, adultos e pessoas com mais de 60 anos. Essas instituições movimentam cerca de 8 bilhões de libras por ano.
Temos muitos alunos estrangeiros em nossos colleges: 41.500 pessoas, alguns brasileiros estão entre esses alunos. Queremos que nossos laços se fortaleçam na área de ensino vocacional. Seria ótimo, por exemplo, criarmos o programa Capacidades Sem Fronteiras.
Demos início, em 2014, a um programa de intercâmbio entre reitores britânicos e diretores de escolas técnicas brasileiras como o Senai. A ideia desse projeto é trocar experiências, discutir metodologias, planejar o futuro, fechar parcerias. O Brasil tem iniciativas brilhantes nessa área, como as unidades móveis do Senac, por exemplo. São ideias criativas assim que podemos compartilhar.
Do lado britânico, também gostaríamos de dividir nossas experiências com o ensino profissionalizante de pessoas com deficiência. Nossos colleges têm feito adaptações significativas para incluir essas pessoas em seus programas, aproveitando ao máximo os talentos individuais. Esse é um assunto de especial relevância para mim, porque o meu filho está no espectro autista.
Apesar de distantes geograficamente e separados por um oceano, Brasil e Reino Unido se aproximam mais ano a ano quando o assunto é educação. Quanto mais nos conhecemos, mais vemos que alguns dos nossos desafios são comuns. E nossas vitórias também serão.
Alex Ellis