Em debate morno entre candidatos ao governo de São Paulo, realizado neste sábado (23) pela TV Bandeirantes, os aspirantes ao palácio dos Bandeirantes aproveitaram a ausência de Geraldo Alckmin (PSDB) para atacar vários pontos da gestão atual, como a crise hídrica e a questão da segurança pública.
O atual governador e candidato à reeleição cancelou sua participação na discussão em função de um problema de saúde. Alckmin está internado no Incor (Instituto do Coração do Hospital das Clínicas) com uma infecção intestinal causada por bactéria. Ele deu entrada no hospital na tarde de sexta-feira e deve ficar internado pelo menos até domingo, quando seu estado de saúde será reavaliado.
Logo no primeiro bloco veio a primeira crítica ao governo atual. “Vou criar o Agiliza SP para pôr em prática tudo que o governador atual prometeu na última edição desse debate e não cumpriu”, disse Alexandre Padilha (PT).
Em outra ocasião, em uma pergunta sobre maioridade penal, Padilha voltou a atacar Alckmin, que defende penas mais rígidas para menores infratores em alguns casos. Para o candidato petista, o governo tucano muda o foco da discussão.
“O PSDB não enfrentou o problema com os maiores. Me impressiona que em ano eleitoral eles queiram jogar a responsabilidade para os menores aliciados, que cometem 2% dos crimes hediondos do Estado.”
O candidato Paulo Skaf (PMDB) criticou a falta de ação da atual gestão. “Existe projeto, mas papel não transporta ninguém”, afirmou ao comentar a morosidade na construção de novas linhas de transporte público.
Para explicar sua tese, o candidato ainda disse que há dez anos também houve falta de água e que foi feito um planejamento na época. “Existe um projeto antigo para dobrar a capacidade do sistema Cantareira. No entanto, faltam as obras.”
Com poucos confrontos diretos, cada um deu o tom sobre suas principais propostas. Gilberto Natalini (PV) falou em incentivar o desenvolvimento com sustentabilidade e na redução de secretarias do Estado. Walter Ciglioni (PRTB) citou que queria criar um banco estadual para fomentar o crescimento.
Paulo Skaf (PMDB) ressaltou o foco na segurança pública e prometeu escola com ensino integral a partir de 2016.
Já Gilberto Maringoni (PSOL) disse que o problema hídrico do Estado é culpa da privatização da Sabesp e criticou o sistema de financiamento das campanhas, pois, segundo ele, as empresas que financiam acabam sendo sempre favorecidas na construção de obras.
Na área da educação, os candidatos foram unânimes na crítica à progressão continuada. “Com esse sistema, o professor fica sem atitude na sala de aula”, argumentou Laércio Benko (PHS).
Outro ponto comum citado por vários candidatos é a necessidade de a escola ser em período integral. Nesse ponto, Padilha disse que criaria os CEUs da juventude – uma versão dos centros de ensino criados pela ex-prefeita petista Marta Suplicy, só que para alunos do ensino médio.
Sobre o ensino superior, a gestão tucana foi criticada por cortar verba de pesquisa das universidades estaduais. “Impedir desenvolvimento nessa área é impedir o desenvolvimento da própria cidade”, disse Maringoni (PSOL).
Para enfrentar os problemas de segurança, uma das principais propostas dos candidatos é integrar as policias, investir em tecnologias e investir na melhoria dos salários desses profissionais.
Apesar dessas propostas, o candidato Gilberto Maringoni recordou da repressão policial durante a onda de protestos e que não é só isso que vai solucionar a questão da segurança pública.
“Não dá para colocar a polícia para resolver problemas sociais e o governo não tem que ficar falando em reprimir”, afirmou, completando que é necessário um trabalho de educação.
Houve diferentes propostas para os problemas de abastecimento no Estado de São Paulo. O candidato Gilberto Natalini, por exemplo, sugeriu o aumento do combate ao vazamento de água, a proteção às áreas de mananciais e o aumento do reuso do recurso.