Anote a receita: 1 pacote de gelatina branca sem sabor; 2 1/2 xícaras de açúcar; óleo para untar; 1 coco ralado. Assim pode ser feito um governo sem orientação para oferecer ao Distrito Federal (não a Brasília).
Agora vamos preparar a guloseima mais simples do folclore culinário brasileiro, que é a Maria Mole. Dissolva a gelatina em uma xícara de água fervente. Basta reunir os lobistas de plantão que cercam o Buriti, especialmente aqueles que tomaram de assalto órgãos e secretarias importantes após contribuições – dizem eles – para a campanha de Rollemberg; um portal de notícias neófito criado para operar no governo; mais um punhado de deputados distritais que pretendem infernizar a vida do atual governador; uma pitada de comentários compartilhados no Facebook sobre a gasolina gasta por Rollemberg. E fogo alto.
Vamos deixar de bater até dissolver para depois. Por enquanto é bom recordar a matéria do Correio Braziliense do último mês de maio (quando Rollemberg completava 5 meses de GDF (não de GB): “A intenção do Executivo local, segundo Rollemberg, é recuperar o caixa para o governo ter capacidade de fazer investimentos e também para não correr risco de chegar no fim do ano sem condições de pagar os salários dos servidores. Isso porque, de acordo com o governador, caso não haja uma melhoria de receita no DF, faltará (sic) R$ 800 milhões em novembro para quitar a folha de pagamento.”
Em seguida o rol de medidas pretendidas, como a venda de 49% das ações de empresas candangas, alterações no sistema de previdência dos funcionários da loba, benefícios fiscais para atrair empresas, securitização da dívida ativa etc, etc, etc. Está na hora de voltar à receita: já dissolvido o nosso conteúdo, está na hora de juntar o açúcar aos poucos até embranquecer.
Mas a receita da Maria Mole está desandando. A TV Globo, coautora de Cristovam, Rollemberg e Reguffe, já deve ter orientado a matinal alegre Ana Maria Braga no sentido de fazer uma revisão na receita. Nutricionistas dizem que a Maria Mole não tem nada de inofensivo, pode ter um efeito coletivo (nos órgãos) devastador.
Focas apadrinhados insistem nessa guloseima e vendem certos pratos fáceis como se fosse chocolate suíço. Não são. O diabetes vai doer e consumir braços e pernas em pouco tempo. Mas quem sofre é a sociedade que não pode contar com assistência médica. Até agora devem “estar estudando uma saída”.
A UnB não forneceu nenhum técnico que saiba fazer contas. Com alarde, recentemente, a imprensa divulgou a economia de 50% de recursos do GDF (não do GB) com a redução das administrações regionais. Só não foi divulgado o índice de retração do mercado imobiliário por falta de alvarás que o atual modelo de administração está impedido de resolver.
Que conta é essa que os acadêmicos não fecham? Os milhões de reais que estão represados por interrupção de obras, demissão de operários, recolhimento de IPTU e outros serviços públicos são as grandes questões que exigem resposta.
Unte a assadeira e salpique o coco ralado. Sobre uma matéria repercutida no Facebook de Notibras sobre o gasto com gasolina de Rollemberg, milhares de curtidas, compartilhamentos e comentários surpreendem pelo vocabulário chulo utilizado pelos internautas indignados que não vou reproduzir aqui.
E não é para menos. O GDF (não o GB) anunciou que milhares de veículos do governo de Agnelo, submetidos a vistoria, não existiam e que a frota era 50% menor do que a relação herdada. Que conta é essa, mais uma vez, que nem o simplório professor de pseudônimo Malba Tahan seria capaz de errar. Se a frota é 50% menor do que a do governo do PT, como o gasto atual com combustível em seis meses é 100% maior do que todo o ano de 2014?
Agora despeje o creme por igual, salpique o restante do coco. Depois de endurecer, corte em pedaços. É o que sobra. Enquanto o contribuinte estiver pagando o papel higiênico de ocupantes clandestinos do Buriti, responsáveis por contas que não fecham e muitos blefes, sem nomeação no Diário Oficial, é melhor adoçar a boca e aguardar o diabetes. A Maria é mole, mas a realidade é dura…
Kleber Ferriche