Ao explicar que o processo que culminou com a intervenção foi precedido por diversas conversas, o presidente da República, Michel Temer, revelou que recebeu até a sugestão de que o governo federal destituísse o governador Luiz Fernando Pezão. “Seria muito radical e refutei”, disse, sem querer nomear o autor da ideia. “Foi uma conversa generalizada. Aconselharam, mas quem toma as decisões é o presidente”, disse. Segundo Temer, durante o processo de decisão “não houve nenhuma ordem dos militares”, apenas “consultas e trocas de ideias”.
Mesmo classificando a intervenção na Segurança Pública do Rio como “jogada de mestre”, o presidente disse nesta sexta-feira, 23, que não colocou as Forças Armadas “numa fria” e ressaltou que o sucesso ou não da operação será uma responsabilidade do seu governo. “Se não der certo, não deu certo o governo, porque o comandante supremo das Forças Armadas é o presidente da República”, disse, ressaltando que os militares “nada mais fizeram do que obedecer ao seu comandante”.
Temer assegurou que as tropas terão respaldo para agir até em episódios que exijam confronto e, conforme a lei, o julgamento de casos acontecerá na Justiça Militar. “Esperamos que não aconteça. Se houver necessidade e for necessário é para partir para o confronto”, destacou Temer, em entrevista à Rádio Bandeirantes.
O presidente fez questão de ressaltar que a ideia da intervenção não é agredir os direitos humanos e salientou que no ministério da área está sendo criado um grupo para acompanhar as ações. “Se não me engano, no Ministério Público também vão acompanhar.”
Sobre o monitoramento em comunidades carentes, Temer disse não se tratar de ocupação e sim de “inspeções”. “Tenho certeza de que apoiadas pelos moradores”, afirmou. “O que não se podia suportar mais é crianças morrendo com balas perdidas, jovens, soldados, as escolas fechadas”, completou.
Radical – Para o presidente, a violência no Rio chegou a um ponto que, se não houvesse a intervenção, não seria mais possível habitar a cidade. Para refutar mais uma vez a hipótese de que as Forças Armadas estariam no comando, Temer disse que decretou uma intervenção “cooperativa e não militar”. “É uma intervenção civil, mas se escolheu um nome de um militar (para ser o interventor)”, disse, em referência ao general de Exército Walter Souza Braga Netto, interventor na segurança do Rio.