Integrantes do Movimento Resistência Popular reúnem-se nesta sexta-feira (18) com representantes da Secretaria de Relações Institucionais do Distrito Federal para tratar da ocupação do Hotel Saint Peter, que ocorre desde a madrugada da última segunda-feira. Também vão participar da negociação representantes das secretarias de Ordem Pública e Social e de Desenvolvimento Humano e Social e da Companhia de Desenvolvimento Habitacional.
Segundo um dos líderes do Resistência Popular, Edson Silva, o movimento aguarda a negociação, mas só desocupará o hotel se houver conquista. “Caso contrário, o grupo promete ficar e resistir.” Silva disse que o governo mostra disposição para o diálogo, assim como o Movimento Resistência Popular, que quer resolver o problema. “Assim, sairemos tranquilamente, sem problema algum”, adiantou.
O líder do movimento faz, porém, ressalvas à participação da polícia na operação. “Espero que a polícia não use isso, achando que vamos baixar a guarda, para nos pegar de surpresa, porque não iremos baixar a guarda. Estamos 24 horas em atividade e, se vier polícia, à noite ou durante o dia, vai haver confronto, vai ter banho de sangue, porque não vamos sair daqui de forma nenhuma. Só com negociação e com uma conquista”, afirmou.
Nesta quinta-feira, os ocupantes fizeram uma barricada na entrada do hotel, usando móveis e colchões do estabelecimento na parte interna do imóvel, ameaçando atear fogo, se a polícia tentasse entrar para retirar as famílias.
Segundo a Polícia Militar do Distrito Federal (PMDF), a reintegração de posse ainda não ocorreu porque o governo estuda, junto com outros órgãos, um plano de ação, para que a saída das famílias seja negociada pacificamente, já que também há crianças, idosos e grávidas entre os ocupantes do imóvel.
O grupo ocupa sete dos 15 andares do Saint Peter, após ter sido retirado, no último sábado (12), do estacionamento da Secretaria de Fazenda do DF, onde ficou acampado por mais de dois meses.
O Tribunal de Justiça do DF determinou que a reintegração de posse, já autorizada, seja coordenada pela Secretaria de Segurança Pública, junto com a PM, a Polícia Civil e o Corpo de Bombeiros.
Localizado em uma área central de Brasília, o hotel estava fechado desde março, devido a uma ordem de despejo em favor do proprietário minoritário do empreendimento, Paulo Cezar Naya, irmão do falecido deputado Sérgio Naya, sob o argumento de que o inquilino, o Saint Peter Serviços de Hotelaria Ltda, não reajustou o aluguel na forma contratada. No processo, o hotel informou que fez o pagamento integral dos aluguéis, na forma contratada. A decisão da Justiça foi favorável a Paulo Cezar Naya sobre a questão do valor do aluguel.