Por anos, analistas de mercado e investidores estrangeiros insistiram em uma tese sobre a economia brasileira: a de que a aprovação de reformas estruturais seria vital para que o país entrasse em uma trajetória de crescimento semelhante a de outros emergentes, como Índia e China.
A equipe do ministro da Economia, Paulo Guedes, vem correndo contra o tempo para aprovar ainda este ano algumas dessas reformas desejadas por investidores — antes que o calendário do Congresso fique praticamente paralisado por conta das eleições de 2022.
No entanto, consultorias que trabalham diretamente com investidores estrangeiros disseram à BBC News Brasil que hoje a maior preocupação dos investidores estrangeiros não é com a aprovação de reformas — mas sim com a credibilidade e permanência do ministro Paulo Guedes no governo e com o andamento da pandemia de coronavírus.
Na visão dos analistas, as duas reformas com maior expectativa de serem votadas neste ano — a tributária e a administrativa — são vistas como importantes por investidores estrangeiros para melhorar as perspectivas de longo prazo do Brasil, mas nenhuma delas têm impacto imediato no que eles enxergam como o grande desafio da economia: que é evitar que a trajetória da dívida brasileira saia de controle.
O Brasil tem hoje uma relação dívida/PIB próxima de 90% — um patamar considerado alto para alguns países emergentes.