Investidor troca Brasil por país mais sólido

Os investimentos estrangeiros diretos no Brasil caíram pela metade em 2020 na comparação com o ano anterior e atingiram o menor valor desde 2009, segundo números divulgados nesta quarta-feira (27) pelo Banco Central.

No ano passado, o valor total somou 34,2 bilhões de dólares, ante 69,2 bilhões de dólares em 2019. Em 2009, o valor havia sido de 31,48 bilhões de dólares.

Os investimentos diretos são feitos por empresas, ou seja, tendem a refletir decisões empresariais de médio e longo prazo e são menos suscetíveis a crises momentâneas.

A queda de 2020 reflete o atual ambiente econômico de incertezas sobre o futuro, em meio ao fraco desempenho da economia e a pandemia do novo coronavírus.

Os investimentos foram caindo ao longo do ano e, em dezembro, o ingresso líquido (entradas menos as saídas) ficou em 739 milhões de dólares. No mesmo mês de 2019, o valor foi de 2,8 bilhões de dólares.

Num gesto emblemático, a Ford anunciou neste mês que, depois de cem anos, vai deixar de produzir automóveis no Brasil.

“Perigosa inversão de tendência”
O jornalista econômico Alexander Busch, colunista da DW Brasil, constata uma “perigosa inversão de tendência, que moldará a economia brasileira nos próximos anos”. Ele afirma que o país está perdendo atratividade.

Segundo Busch, a atual situação é incomum para o Brasil. “Até agora, o país podia contar sempre com empresas estrangeiras para investir, por mais grave que fosse a crise. Durante grande parte dos últimos 20 anos, ele esteve entre os quatro ou cinco melhores lugares para se investir no mundo. Mas agora a maré parece estar virando”, afirma.