Investidores estrangeiros temem derrocada brasileira e fazem as apostas no México
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emInvestidores do mercado de dívida têm corrido para o México, país visto como um dos poucos mercados emergentes que resiste a algumas das forças globais que afetam seus pares.
O investimento estrangeiro em títulos do governo do México cresceu para US$ 85 bilhões em janeiro, superando o recorde anterior do mês de novembro, de acordo com o Instituto de Finanças Internacionais (IIF, na sigla em inglês). O mercado local de dívida tem se aproveitado de uma entrada de recursos ao longo de grande parte do ano passado, enquanto outros países sofreram com grandes saídas.
Muitos investidores dizem que o México tem demonstrado resiliência diante da desaceleração do crescimento da China, alta de juros nos Estados Unidos e queda nos preços das commodities.
O México se tornou um “paraíso seguro, o melhor entre os piores, o menos feio”, disse Siobhan Morden, diretor e analista de América Latina do Nomura em Nova York.
A atratividade do mercado em relação a seus pares representa uma mudança para um país que historicamente servia de proxy para o sentimento de investidores quanto a mercados emergentes. O México perdeu a confiança de investidores estrangeiros em 1994 depois da desvalorização do peso, o que desencadeou um rápido movimento de venda de ativos financeiros que foi apelidado de “crise da tequila”.
Agora, fundos de investimento dedicados à América Latina e países emergentes precisam colocar seu dinheiro em algum lugar e com frequência escolhem o México no atual cenário fraco como a opção menos pior. O rating de grau de investimento do México e os laços próximos do país com a economia norte-americana em recuperação fazem com que o país se destaque.
O mercado de bonds do México é o mais líquido do mundo em desenvolvimento. O volume de negócios de títulos da dívida mexicana cresceu 10% no terceiro trimestre comparado com o mesmo período do ano anterior. Em contraste, o volume em títulos de mercados emergentes como um todo caiu 22% no mesmo período, de acordo com a Associação de Operadores de Mercados Emergentes.
A diferença reflete em parte os rebaixamentos das notas de crédito no ano passado em outros grandes países emergentes, como o Brasil. Outros países, como Venezuela, provocam preocupações de investidores com relação a instabilidade política.
“O México é um dos países menos arriscado se você levar em conta tanto os ratings, como a qualidade das instituições”, diz Gorky Urquieta, co-head do time de dívida de mercados emergentes do Neuberger Berman, empresa de investimentos que é responsável por gerir US$ 6,5 bilhões.
Apesar disso, nem todos estão convencidos de que o México poderá escapar dos problemas globais que afetam a maior parte dos países em desenvolvimento. “Um terço do orçamento do governo é baseado em petróleo, portanto, isso pode te fazer pensar um pouco”, disse Elisabeth Colleran, gestora de portfólio no time de mercados emergentes do Loomis, Sayles & Co., que tem US$ 1,3 bilhões sob gestão.
Além da queda dos preços do petróleo, outro fator negativo é que o peso mexicano está sob pressão, assim como outras moedas emergentes. A moeda caiu 5% ante o dólar desde o início de 2016 e atingiu um recorde de baixa na semana passada.
As quedas tem ocorrido apesar de o banco central mexicano ter elevado a taxa de juros em 0,25 ponto, para 3,25%, em linha com o movimento do Federal Reserve.
O mercado de títulos públicos mexicanos denominado em pesos perdeu 11% considerando o resultado em dólar no último ano. O ganho foi de 1,5% em pesos.
Por ora, muitos investidores parecem contentes em buscar segurança no México enquanto seu principal parceiro comercial, os Estados Unidos, se mantiver saudável economicamente.
“A economia norte-americana está crescendo e um dos grandes beneficiários é o México”, disse Andrew Stanners, gestor de investimentos na Aberdeen Asset Management PLC, que tem US$11,5 bilhões em dívida de mercados emergentes e investe em títulos de cinco e dez anos do México.