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Investigação policial; e Arnaldo pensa em fuga

Foto: Corpos de moradores de rua ficam à espera de parentes no IML. Foto iStock/Arquivo Notibras

Após os bombeiros apagarem o fogo, a polícia civil foi acionada. Um corpo carbonizado havia sido encontrado no apartamento. Assim que os agentes Pedro e Gustavo chegaram ao local, o porteiro, Edmundo, falou que a única moradora daquela unidade era Márcia Gomes dos Santos.

Os policiais questionaram se Márcia estaria passando por algum problema. Edmundo respondeu que a mulher era sempre alegre. Inclusive, de acordo com o porteiro, ela havia se envolvido com um dos moradores do prédio: Arnaldo, do 302. Enquanto a perícia criminal estava no local, Pedro e Gustavo foram até o apartamento de Arnaldo.

Eles tiveram que tocar a campainha várias vezes, até que Arnaldo surgiu com uma toalha enrolada na cintura. Os policiais perguntaram se podiam entrar. O morador, com um sorriso cativante, os convidou a se sentarem no sofá.

– O senhor conhecia a senhora Márcia?

– Conhecia? Como assim? Nós somos namorados.

– O senhor não soube?

– Soube do quê? O que aconteceu?

– O corpo da senhora Márcia foi encontrado hoje. O apartamento dela foi incendiado.

Arnaldo, depois de décadas de prática, não demorou a ficar com o rosto consternado. Talvez verdadeiras, as lágrimas escorreram até tocarem nos cantos dos lábios. O gosto salgado o fez imaginar que houvesse cometido algum erro, que pudesse incriminá-lo.

– O que aconteceu com ela?

– O senhor não pode nos dizer?

– Não sei. Tudo estava tão bem entre a gente. O que aconteceu, meu Deus?

Os policiais se entreolharam. Gustavo, então, entregou um cartão para Arnaldo. Ele pediu ao morador que fosse no dia seguinte conversar com eles na delegacia, ali mesmo na Asa Norte. O homem pegou o cartão e, em seguida, se despediu dos policiais.

Assim que os dois homens saíram, fechou a porta. Inúmeros pensamentos passavam pela cabeça de Arnaldo. Ele precisava agir antes que seu crime fosse descoberto. Pensou em diversas possibilidades, mas nenhuma lhe pareceu totalmente adequada.

Foi até o quarto. Abriu a parte de cima do armário, de onde retirou uma mala de viagem. Colocou-a sobre a cama e a abriu. Foi até o cofre, digitou o código. Retirou todos os objetos. Os atirou dentro da mala. Catou algumas roupas e fez o mesmo. Iria fugir. Precisava fugir.

Na terça-feira, 23, publicação do Capítulo VIII

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