O ministro das Relações Exteriores do Irã, Mohammad Javad Zarif, disse nesta quarta-feira que seu país e o Paquistão devem cooperar para solucionar a crise crescente no conflagrado Iêmen.
Zarif se pronunciou durante uma visita de dois dias à capital paquistanesa, durante a qual se espera que exorte Islamabad a rejeitar um pedido saudita para que se junte à operação militar contra as forças dos xiitas houthis no Iêmen.
“Precisamos trabalhar juntos para encontrar uma solução política”, declarou. “São os iemenitas que devem se sentar à mesa para resolver a crise, e todos, incluindo Irã e Arábia Saudita, deveriam facilitar.”
“O povo do Iêmen não deveria ter que enfrentar bombardeios aéreos”, acrescentou, referindo-se à ofensiva aérea da coalizão liderada pelos sauditas iniciada no mês passado.
A Arábia Saudita, que é sunita, pediu ao Paquistão que envie aviões, barcos e tropas para a operação. Parlamentares paquistaneses vêm debatendo a solicitação há três dias e nenhum deles falou a favor da intervenção no Iêmen.
“O consenso que está emergindo no Parlamento é que o Paquistão não deveria participar de qualquer ofensiva militar. Deveríamos tentar mediar, influenciar e facilitar o diálogo pacífico”, disse Sartaj Aziz, conselheiro de Segurança e Relações Exteriores do primeiro-ministro, Nawaz Sharif.
Zarif afirmou ser favorável a um plano de quatro partes para o Iêmen: impor um cessar-fogo, entregar ajuda humanitária, iniciar um diálogo abrangente e finalmente estabelecer um governo amplo. Ele recomendou a ação aos líderes de Paquistão, Turquia e Omã, disse.
Muitos temem que o conflito se torne um campo de batalha por procuração para uma guerra sectária. O Irã, uma teocraria xiita, tem laços com alguns dos rebeldes sendo alvejados pela Arábia Saudita, o centro do poder sunita.
A Organização das Nações Unidas (ONU) diz que o Iêmen está diante de uma crise humanitária e que escolas, hospitais e a infraestrutura de água e eletricidade foram danificados pelos ataques aéreos.
Mais de 540 pessoas morreram nas duas últimas semanas, segundo a ONU, principalmente civis, incluindo 74 crianças.