Após mais de 17 dias de negociações, promessas, atrasos e desavenças, o Irã e as potências globais do P5+1 enfim chegaram nesta terça-feira a um acordo nuclear em termos definitivos. Como consequência do entendimento, as sanções econômicas serão suspensas. Israel reagiu, dizendo ser ‘um erro histórico’.
O ministro das Relações Exteriores do Irã, Mohammad Javad Zarif, saudou a conquista classificando-a de um momento histórico, mas reconheceu que o acordo não é perfeito. Maior crítico do pacto com o Irã, Israel reagiu imediatamente ao anúncio dizendo que é um erro para todo o mundo.
— Eu acredito que este é um momento histórico. Estamos chegando a um acordo que não é perfeito para ninguém, mas é o que nós conseguimos fazer e é uma conquista importante para todos nós — disse Zarif numa reunião ministerial final entre o Irã e seis potências mundiais em Viena.
A última sessão plenária das negociações teve início às 10h30m (5h30m no horário de Brasília), na seda da ONU em Viena. Segundo um diplomata europeu, muito em breve serão anunciados os resultados.
Em sua conta no Twitter, o presidente iraniano, Hasan Rouhani, ressaltou que o acordo nuclear alcançado “abre novos horizontes”.
“Agora que esta crise, que era desnecessária, foi resolvida, o Irã e as grande potências podem se concentrar nos desafios compartilhados”, acrescentou Rouhani, em alusão à luta contra o grupo extremista Estado Islâmico (EI) em Iraque e Síria.
Além de acabar com 35 anos de atrito entre Washington e Teerã, o acordo pode reconfigurar o equilíbrio geopolítico em uma região abalada pelo violência extremista.
O Irã aceitou um plano que irá restaurar as sanções em 65 dias se o país violar o acordo fechado com seis potências mundiais para conter o programa nuclear do país, disseram diplomatas nesta terça-feira à agência Reuters.
O Irã vai continuar o processo de enriquecimento de urânio de forma limitada e o uso de centrífugas para pesquisa e desenvolvimento. As sanções econômicas e financeiras da União Europeia (UE) e dos Estados Unidos serão levantadas quando o acordo for implementado.
Um embargo das Nações Unidas ao comércio de armas permanecerá em vigor durante cinco anos, e as sanções da ONU aos mísseis continuarão por oito anos, segundo as mesmas fontes.
Depois, o bloqueio será levantado, mas algumas novas restrições serão impostas. A exportação e a importação de armas serão estudadas caso a caso.
De acordo com um diplomata citado pela agência AP, inspetores da ONU teriam permissão para monitorar instalações militares, mas o Irã poderia contestar os pedidos de acesso.
O primeiro-ministro de Israel, Benjamin Netanyahu, qualificou o acordo como erro histórico.
— De acordo com os primeiros elementos a que tivemos acesso, já se pode dizer que este acordo é um erro histórico para o mundo — disse Netanyahu antes de uma reunião em Jerusalém com o ministro das Relações Exteriores da Holanda, Bert Koenders.
Na mesma linha, a vice-chanceler de Israel, Tzipi Hotovely, acusou as potências ocidentais de se renderem ao Irã.
“Este acordo é uma rendição histórica pelo Ocidente para o eixo do mal liderado pelo Irã. Israel agirá com todos os meios para tentar impedir que o acordo seja ratificado”, disse Hotovely em uma mensagem no Twitter, a primeira reação de um alto funcionário israelense ao acordo.