O presidente iraniano Hassan Rohani disse neste domingo, 23, que o Irã está pronto para enfrentar os Estados Unidos e seus aliados do Golfo Árabe. A declaração se dá um dia depois que um ataque a uma parada militar iraniana deixou 25 mortos, incluindo 12 integrantes da Guarda Revolucionária de elite.
Rouhani acusou os estados do Golfo Pérsico, apoiados pelos EUA, de fornecer apoio financeiro e militar a grupos étnicos árabes antigovernistas no Irã. “Os Estados Unidos estão agindo como um valentão para o resto do mundo e pensa que pode agir com base na força bruta”, disse.
O líder iraniano foi quem projetou o acordo nuclear de 2015 que deu início a uma contenção cautelosa com Washington antes que as tensões voltassem a se agravar com a decisão de Donald Trump de desistir do acordo.
“Mas o nosso povo vai resistir e o governo está pronto para enfrentar os Estados Unidos. Nós vamos superar essa situação (sanções) e os Estados Unidos vão se arrepender de escolher o caminho errado”, disse Rouhani.
O ministro das Relações Exteriores do Irã convocou, neste domingo, os responsáveis dos Emirados Árabes Unidos pelos comentários feitos sobre o banho de sangue na cidade de Ahvaz, no sudoeste do país. A estatal PressTV disse que a ação foi tomada por comentários de um funcionário não identificado dos Emirados Árabes Unidos, sem dar detalhes.
O estado árabe do Golfo do Catar, que está em desacordo com os aliados dos EUA, Arábia Saudita e Emirados Árabes, condenou o ataque à parada militar, que feriu pelo menos 70 pessoas.
Atiradores dispararam contra um posto de observação onde autoridades iranianas se reuniram para assistir ao evento anual que marca o início da guerra entre Irã e Iraque (1980-1988). Soldados se jogaram no chão quando o tiroteio começou. Mulheres e crianças também foram atingidas.
O atentado contra um desfile militar na cidade de Ahvaz, no sul do Irã, deixou pelo menos 25 mortos, entre militares e civis, e mais de 60 feridos neste sábado. Metade das vítimas dos terroristas eram da Guarda Revolucionária. Quatro terroristas foram mortos.
Um movimento de oposição árabe chamado Resistência Nacional Ahvaz, que busca um Estado separado na Província de Khuzistão, rica em petróleo, reivindicou a responsabilidade pelo ataque. O Estado Islâmico (EI) também assumiu a autoria da ação, segundo a Amaq, agência de notícias do grupo terrorista.
Os agressores vestiam uniformes militares, segundo Gholamreza Shariati, governador do Khuzistão. Os disparos foram efetuados contra as unidades do Exército e da Guarda Revolucionária que desfilavam e contra o público a partir de um edifício próximo e por trás da tribuna das autoridades. O presidente russo, Vladimir Putin, disse que Moscou está pronto para impulsionar esforços conjuntos na luta contra o terrorismo. Ele também é aliado do ditador Bashar Assad na Síria.