Nair Assad, Edição
Os dois principais partidos da Irlanda do Norte mantiveram suas posições nas eleições legislativas do Reino Unido, mas podem enfrentar dificuldades para formar um governo. O quadro pode gerar mais uma dor de cabeça para líderes britânicos e irlandeses, que já lidam com o processo de saída do Reino Unido da União Europeia, o chamado Brexit.
Resultados finais divulgados neste sábado das eleições ocorridas na quinta-feira mostraram que o Partido Unionista Democrático e o Sinn Fein obtiveram a maioria das 90 cadeiras na Assembleia Legislativa, com 28 e 27 vagas, respectivamente. Os outros assentos foram divididos entre uma série de partidos menores.
As eleições foram realizadas após a administração anterior que reunia os dois maiores partidos entrar em colapso em janeiro, em meio a trocas de acusações sobre um projeto fracassado de energia renovável. Pelo acordo de 1997 que encerrou décadas de violência política no país, o governo da Irlanda do Norte precisa incluir representantes da maioria protestante favorável ao Reino Unido e também nacionalistas irlandeses, em sua maioria católicos. Os maiores partidos formam o Executivo e dividem os cargos entre si.
Os dois partidos têm agora três semanas para formar um novo governo. Analistas acreditam, porém, que pode ser difícil que isso ocorra.
Ex-premiês do Reino Unido, Tony Blair e John Major haviam advertido que o plebiscito de junho sobre a União Europeia poderia minar o frágil acordo de paz da Irlanda do Norte, sobretudo se levasse à retomada de controles fronteiriços prejudiciais ao comércio e que são alvo de críticas dos nacionalistas irlandeses. O Sinn Fein pediu que a questão da reunificação irlandesa seja submetida a votação pública.
Caso os dois principais partidos não consigam formar um governo, “então haverá uma crise política em andamento na Irlanda do Norte em conjunção com a incerteza sobre o Brexit”, disse Graham Walker, professor de Ciência Política na Queen’s University, em Belfast. As opções se houver um impasse são prolongar as conversas, convocar novas eleições ou até que Londres administre a Irlanda do Norte diretamente. O governo de Londres e o da Irlanda dizem que desejam laços mais próximos entre a Irlanda e a Irlanda do Norte, inclusive com o movimento livre de pessoas na fronteira, como parte de qualquer acordo.