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Irmão do Jorel, o sucesso brasileiro na Network

Adriana Del Ré

Daniel Furlan e Juliano Enrico são uma espécie de dupla dinâmica da televisão brasileira. Daniel é ator, apresentador, roteirista, músico. Juliano, ator, diretor, roteirista, apresentador, quadrinista. Ex-VJs da MTV, os dois trabalham juntos há 15 anos em várias frentes. Uma delas, atualmente bastante festejada, é a animação Irmão do Jorel, exibida no Cartoon Network.

A série brasileira, a primeira produção original de animação do Cartoon Network na América Latina, está na 2ª temporada, com novos episódios que vão ao ar às segundas, às 20h30 – o rapper Emicida fará participação especial como o personagem Kassius Kleyton, no episódio desta segunda, 16.

Juliano é o criador, diretor e roteirista de Irmão do Jorel e Daniel, um dos roteiristas da animação. A produção faz sucesso com crianças – mas também com adolescentes e adultos – com a história de um tímido menino que vive à sombra do irmão mais velho, o Jorel, e, por isso, só é conhecido como irmão do Jorel. Apesar de irônica, a animação tem uma dose de inocência – e uma galeria de personagens cativantes, liderada pelo próprio irmão do Jorel – cujo nome real só a família dele sabe – e pelas avós dos meninos, a ingênua Vovó Juju e a mal-humorada Vovó Gigi.

Daniel conta que eles trabalham em equipe com outros roteiristas para escrever os episódios. “Eu e o Juliano Enrico chegamos com a maioria das sinopses e conduzimos as reuniões com os vários roteiristas: Caito Mainier, David Benincá, Raul Chequer, Arnaldo Branco, Zé Brandão, Vini Wolf, Pedro Leite, Nigel Goodman, Felipe Berlinck, Valentina Castello Branco, Elena Altheman, Victor Canela, Arthur Warren e Marcos Ferraz. Esses lindos seres humanos desenvolvem os roteiros e depois eu e Juliano fazemos a redação final”, descreve ele.

E como é para a dupla se dedicar a um projeto que tem como público as crianças? É mais difícil escrever para elas? “Acho que as questões, angústias e anseios são bem parecidas com as de um adulto. Procuramos não subestimar o público e escrevemos coisas que nos divertem também. Mas o legal é que a criança não precisa necessariamente entender tudo para gostar”, diz Daniel.

Juliano lembra que, quando fazia quadrinhos, não desenhava pensando num público. “Eu ainda quero agradar a mim mesmo quando faço algo, mas, de certa forma, o que me agrada hoje é a ideia de que a história que estou contando está sendo compreendida e que o público está se identificando e rindo dentro do possível.

Levando em consideração que algumas coisas são feitas para não serem compreendidas por terem vários significados ou nenhum, talvez elas estejam rindo delas mesmas através do Irmão do Jorel e encontrando seus familiares na família do Irmão do Jorel. É bem legal poder entreter em níveis diferentes pessoas de idades diferentes. Isso hoje me agrada mais do que fazer algo só para mim”, explica.

De fato, os dois não dialogam só com um tipo de espectador. Pelo contrário. Juntos, eles estrelaram a série de comédia Décimo Andar, no Canal Brasil, no ano passado. Daniel diz que ainda não há previsão para uma nova temporada. Na trama, seis funcionários de uma grande empresa passam por situações surreais. A dupla retorna ainda na 3.ª temporada de O Último Programa do Mundo, no FX, ainda sem data confirmada para estreia este ano – a 1ª temporada foi exibida na MTV (2013) e a 2ª, no canal da TV Quase no YouTube (2014).

Paralelamente à parceria, os dois também investem em seus, digamos, trabalhos solos. Daniel é um dos protagonistas do filme La Vingança, road movie com coprodução argentina. Foi exibido no Festival do Rio, no ano passado, e deve estrear no Brasil em março. “A coprodução com a Argentina foi ótima. Inclusive porque no Brasil a gente admira bastante o cinema argentino, então aqui o filme já deve ter uma expectativa de ser pelo menos 50% bom”, diz Daniel, que está também no filme TOC – Transtornada Obsessiva Compulsiva, em que faz par romântico com Tatá Werneck, com estreia prevista para 2 de fevereiro. Isso para citar alguns projetos.

Já Juliano faz parte da equipe de criação do late show Adnight, de Marcelo Adnet, cuja 1ª temporada foi ao ar no ano passado. “Desconstruir personalidades e formatos televisivos dentro de um dos maiores conglomerados comunicacionais do mundo foi realmente uma experiência muito doida. ‘Uma experiência muito doida’ é uma forma boa de descrever. Massageei os ombros do Osmar Prado, tropecei e caí em cima da Juliana Paes e dancei com o You Can Dance formação original. Muitas emoções muito doidas…”

Esses projetos todos, claro, não os impedem de voltar à formação em dupla. E como é para eles cultivarem essa parceria há tanto tempo? As respostas são bem-humoradas – a cara deles. “Um pesadelo, um karma, uma bênção”, diz Daniel. “Se conheço bem o Daniel, ele deve ter dito que é algum tipo de maldição estar envolvido comigo em quase todos os projetos das nossas vidas nos últimos 15 anos”, afirma Juliano. “Não penso assim. Acho, inclusive, que esse é o momento ideal para montarmos uma banda juntos, talvez uma dupla de rap folclórico. Provavelmente ainda administraremos uma papelaria juntos no fim da vida.”

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