Durante uma reunião com deputados estaduais nesta quarta-feira (30), o governador em exercício, Francisco Dornelles, concordou com a proposta de suspender, por dois anos, a concessão de novas isenções fiscais a empresas no estado. O projeto 1.431/16, dos deputados Luiz Paulo (PSDB) e Bruno Dauaire (PR), que impede os benefícios, deverá ser votado na próxima terça-feira.
Ele também garantiu que a polícia militar não vai retirar à força alunos que ocupam duas escolas estaduais. “Nesses 30 dias em que estarei como governador, a polícia não entrará”, garantiu.
A deputada Martha Rocha (PDT) defendeu a redução do número de secretarias. “Hoje existe uma pasta para a prevenção da dependência química, mas toda a rede de atendimento e tratamento fica sob a responsabilidade de outra secretaria”, afirmou.
Os parlamentares solicitaram, ainda, o retorno da data original de pagamento dos servidores estaduais que foi alterada do quinto para o décimo dia útil do mês.
Protesto acaba em confusão na Alerj
Enquanto o governador em exercício, Francisco Dornelles, se reunia com lideranças da Assembleia Legislativa para tentar uma saída para a crise, na tarde desta quarta-feira, do lado de fora do Palácio Tiradentes, seguranças da Casa lançaram gás de pimenta e extintores de incêndio para impedir a entrada de cerca de 500 profissionais da Educação.
Os servidores, em greve há 27 dias, pretendiam acompanhar a votação do projeto de lei 1251/15, que altera as regras para benefícios nas pensões por morte no Rioprevidência. A confusão teve início quando os seguranças fecharam as portas da chamada ‘Casa do Povo’. “Queríamos evitar tumulto”, alegou um agente.
Indignados, alguns manifestantes forçaram as grades do prédio. Ao mesmo tempo, o presidente da Casa, deputado Jorge Picciani (PMDB), subiu as escadarias e pediu para entrar. A ação acirrou os ânimos. O parlamentar foi vaiado e atingido por bolinhas de papel, mas conseguiu entrar pela frente. Já o governador Dornelles utilizou a porta dos fundos.
Gritando “não tem arrego” os manifestantes começaram a chutar as grades. Seguranças da Alerj, então, lançaram spray de pimenta e gás carbônico pressurizado de um extintor de incêndio em quem tentava entrar.
“Tenho 57 anos e, desses, 25 [ANOS] são de magistério. Nos impedem de entrar e acompanhar nossos direitos”, criticou a professora da rede pública, Ângela Vieira.
No hall, o chão de mármore preto e branco em estilo neoclássico ficou com cacos de vidros que foram quebrados do portão da entrada durante a confusão. Na escadaria, era possível ver muito água e manchas brancas de leite de magnésia — líquidos que os professores passaram no corpo para tentar aliviar a ardência dos produtos químicos lançados.
Desorientados, os manifestantes procuraram se recuperar. Muitos correram para a sombra da estátua de Tiradentes. A diretoria do Sindicato Estadual dos Profissionais de Educação (Sepe) acompanhava o grupo com um carro de som e bandeiras.
Com meia hora de atraso, a reunião entre Dornelles, Picciani e o colegiado de líderes da Casa teve início ao som de gritos de “bandidos” que ecoavam pelos corredores vazios da Alerj. Em clima de tensão, Dornelles escutava sugestões para a saída da crise do Estado. Após três horas, o encontro chegou ao fim e a votação do projeto de lei, alvo do protesto foi suspensa.