As forças de segurança israelenses se preparam para um possível aumento da violência no país, depois do esperado reconhecimento nesta quarta-feira (6) de Jerusalém como capital de Israel pelo presidente dos Estados Unidos, Donald Trump, e a promessa de transferir a embaixada americana de Tel Aviv para a Cidade Santa.
Ontem começaram as consultas de oficiais da Defesa do país para fazer frente aos possíveis distúrbios e o Exército Israelense preparou “um plano com diferentes níveis de alerta que será ativado conforme for necessário”, informou o jornal israelense Haaretz. Segundo este meio, vários batalhões que realizam treinos e manobras foram avisados de que podem ser destacados ao território ocupado da Cisjordânia neste final de semana.
O porta-voz policial Micky Rosenfeld afirmou que “em geral estamos prontos para qualquer situação”, mas disse que por enquanto “não há mudanças no terreno em termos de medidas de segurança policial “.
Facções palestinas declararam ontem “Três Dias de Ira e Raiva Popular”, desde hoje até sexta-feira, para rejeitar o que qualificaram de “conspiração (norte) americana contra Jerusalém”. O líder da Frente Democrática para a Libertação da Palestina, Talal Abu Zarifa, disse nesta quarta que as facções fizeram um acordo para realizar “uma série de ações populares para enfatizar que Jerusalém é uma linha vermelha, e é a capital da Palestina”.
Ontem à noite, vários manifestantes queimaram em Belém fotos de Trump e nesta manhã foram registrados enfrentamentos entre grupos de jovens palestinos e soldados israelenses em um posto de controle militar próximo àquela cidade e no campo de refugiados de Al Aroub, ao norte de Hebron, sem registro de feridos, informou a agência de notícias palestinas Maan.
Nesta sexta-feira (8), dia sagrado muçulmano, podem ocorrer enfrentamentos após a reza do meio-dia, especialmente em Jerusalém. Em Gaza, o Hamas convocou um “Dia da Ira” na sexta-feira, o que poderia provocar tensão na fronteira, e apesar da chuva, centenas de pessoas se manifestaram nesta manhã na Praça do Soldados Caídos, para mostrar rejeição à medida.
O chefe político do movimento islamita, Ismail Haniye, advertiu em carta dirigida a líderes árabes que a mudança da embaixada dos EUA “acenderá um fogo de ira” e que “o povo palestino nunca aceitará esta decisão e lutará contra a mesma com todo seu poder”.
O porta-voz do Hamas, Fawzi Barhoum, qualificou hoje em comunicado a decisão de Trump de “ataque ao direito palestino, árabe e islâmico a Jerusalém” e pediu a todo o mundo que ajude a “frustrá-lo com todos os meios possíveis”.
Embora não tenha ordenadou para hoje o fechamento de escolas, o Ministério da Educação palestino pediu aos estudantes que se manifestem contra a decisão americana. Várias escolas em Ramala indicaram que, devido à chuva, não acreditam que os jovens façam manifestações de protesto.
Para amanhã, as facções convocaram uma manifestação ao meio-dia em Ramala.
Vários cenários – Fontes israelenses disseram ontem à noite ao jornal Yedioth Ahronoth que estão se preparando para qualquer cenário, já que, quando se mexe com sentimentos religiosos, pode acontecer qualquer coisa.
Rússia, China, Síria, Turquia e o papa Francisco expressaram hoje preocupação com a decisão americana e as consequências que possa ter na estabilidade na região, se somando a outras vozes manifestadas ontem, como França, Itália, ONU e Movimento de Países Não-Alinhados.
Israel considera Jerusalém sua capital “eterna e indivisível”, mas a comunidade internacional considera a parte oriental território palestino ocupado e nenhum país reconheceu até agora a soberania israelense sobre toda a cidade e nem o seu status de capital de Israel.