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Pinturas da vida

Israel, vivente e artista de praia, um dia seguiu por outra esquina

Publicado

Autor/Imagem:
Gilberto Motta - Texto e imagem

1.
Cheguei na Pinheira e na primeira madrugada tomei um “beiço”.

– Pega lá, cara, vamo nessa.

O cara era o Israel. Artista de rua e vivente aqui das praias.

Não voltou nem com a droga e nada.

Tempos depois, encontrei Israel na mesma pracinha da comunidade.

– Porra, amigo…não deu.

E a partir dai conversamos e percebemos mais proximidades do que rancores.

Meses depois, Israel pintou em um pedaço de ladrilho o sol e a praia ao cair da tarde e deu com carinho.

– Grato, Israel, jamais esquecerei.

Passaram 3 anos por aqui e quase nunca via Israel.

Hoje, um amigo em comum me disse que Israel apareceu morto na Praia de Cima.

Fiquei atordoado.

Em casa, olhei para ao ladrilho com aquela paisagem e sem ter o que pensar.

Aquele cara do “beiço” morreu?

Morreu um meu amigo.

Fico pensando na brevidade disso tudo.

Do antes e agora e do talvez.

Caro e querido Israel: grato. Gratíssimo.

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