Bartô Granja, Edição
O Ministério das Relações Exteriores exonerou de sua função nesta terça-feira, 14, o diplomata Milton Rondó Filho, que em março enviou mensagens a embaixadas e representações brasileiras no exterior sobre a possibilidade de um golpe de Estado no Brasil. Rondó, ministro de segunda classe, atuava como coordenador-geral de Ações Internacionais de Combate à Fome da Secretaria Geral das Relações Exteriores.
Há três meses, Rondó recebeu uma advertência do Itamaraty, ainda sob a liderança do então chanceler Mauro Vieira, e perdeu o direito de emitir documentos após ter enviado, no dia 18 de março, telegramas a postos diplomáticos do Brasil no exterior alertando para a ocorrência de um possível golpe contra a presidente brasileira, Dilma Rousseff.
Na primeira mensagem enviada, o Itamaraty pedia que cada embaixada ou representação indicasse um servidor, preferencialmente um diplomata, para ser responsável por “apoiar adequadamente” o diálogo entre o Itamaraty e as sociedades civis do Brasil e de cada local.
Em seguida, outro comunicado foi enviado, desta vez com a reprodução de uma nota da Abong (Associação Brasileira de Organizações Não-Governamentais), que agrega 250 ONGs. O texto expressava “profunda preocupação” com o momento do Brasil, que segundo as entidades era de “resistência democrática”.
Outra mensagem trazia o texto “Carta aos Movimentos Sociais da América Latina”, em que organizações sindicais, sociais e populares do Brasil denunciavam um “processo reacionário (…) contra o Estado Democrático de Direito”.
De acordo com a matéria de O Globo, no mesmo dia, o secretário-geral do Itamaraty, Sérgio Danese, enviou um documento às embaixadas e representações solicitando que os comunicados anteriores fossem desconsiderados.
O Itamaraty também afirmou na época, que as mensagens haviam sido enviadas sem autorização superior.