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Itapuama vive momento de magia do litoral nordestino

Luciano Souza, gerente do Bar do Nêgo e Fau, na praia de Itapuama, é um poeta nativo. Aqui, no litoral Sul de Pernambuco, ele descortina um vocabulário capaz de fazer inveja a criadores de personagens como João Grilo, Odorico Paraguaçu, Pedro Quaderna, Dom Casmurro… Foi o que demonstrou nesta terça, 17, enquanto degustávamos um entrecôte bovino regado a uma dose de Old Parr.

– Olha lá, jornalista – disse-me ele, apontando para o horizonte, onde a Lua Cheia, final de tarde, erguia-se sem pressa. “É uma visão que mescla suavidade e imponência; todo mês ela aparece assim, e a gente não se cansa de admirar”, frisou. O crepúsculo se despedia lentamente, tingindo o céu com tons de laranja e rosa, como uma aquarela pintada com esmero pela natureza. O mar refletia o brilho crescente do astro sobre águas agora cintilantes, como uma joia líquida.

A nossos pés, as ondas quebravam delicadamente na areia, criando uma trilha sonora que embala momentos mágicos. Luciano, aluno da escola da vida, discorre pérolas. “Cada batida do mar parece sincronizar-se com o pulso da terra, num diálogo silencioso. Nossa praia, antes banhada pela luz dourada do sol, começa a envolver-se no manto prateado da noite”, enfatiza, com um sorriso largo..

Tento acompanhar seu raciocínio. Eu, um setentão vindo da selva de pedras que é Brasília, levo o copo à boca e leio seus pensamentos. “A Lua, majestosa, não apenas anuncia a noite; ela parece dar as boas-vindas ao Sol que, do outro lado do mundo, está pronto para se erguer e dar início a um novo ciclo”, digo. “Isso mesmo”, concorda Luciano, pontuando a seguir uma frase antológica: “Há uma conexão misteriosa e eterna entre eles. A cada pôr do Sol, a Lua assume seu lugar como guardiã dos sonhos, enquanto o Sol se retira para descansar, preparando-se para o próximo amanhecer.”

Luciano segura o celular e registra em imagens o ciclo que se repete na Praia de Itapuama. Marca um golaço, como uma coreografia cósmica que permanece inalterada ao longo dos tempos. A noite começa a ganhar vida sob a luz lunar; as estrelas surgem como pequenos pontos de esperança. O céu, agora escuro, carrega a promessa de que, mesmo nas sombras, há luz. Quando o Sol retornar, o astro-rei encontrará o cenário preparado pela Lua, pronto para mais um espetáculo no teatro da vida.

– Vida que segue, sinaliza Luciano, indicando que organizará as mesas porque, logo mais, haverá um eclipse. “Vou nessa”, diz o gerente do Bar do Nêgo e Fau, lembrando, ao despedir-se para breves momentos de ausência, que, ao contrário do Sertão, na praia a Lua não nasce por trás da verde mata, mas defronte a coqueiros verdejantes.

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