Um princípio de incêndio no ninho tucano na noite da quinta-feira 14, foi debelado na manhã desta sexta-feira 15 pelos deputados Izalci Lucas (federal) e Raimundo Ribeiro (distrital) principais postulantes a presidir o PSDB no Distrito Federal. A fumaça logo dissipada teria sido provocada por uma suposta terceira candidatura, que tentou a inscrição da chapa no Diretório Regional do partido depois de vencido o prazo.
Um vídeo que chegou a circular nas redes sociais com a paternidade atribuída ao grupo político de Márcio Machado, ex-presidente do partido, mostra dois advogados tentando entrar na sede do PSDB para registrar uma terceira chapa. Seria supostamente uma terceira via para se contrapor a Izalci e Raimundo. A intenção, porém, não teve êxito, pois já passava das 18 horas.
Os tucanos realizam eleições para as zonais neste domingo, 17. Izalci e Raimundo estavam dispostos, até agora, a medir forças para saber quem faz o maior número de delegados para a convenção de junho, quando será eleito o diretório regional do PSDB. Mas, a partir do episódio que descartou uma terceira via, surgiram indícios de uma composição para chapa única.
A direção nacional do PSDB decretou intervenção na legenda em Brasília em meados de 2010. Desde então o partido tem sido comandado por Eduardo Jorge, que foi chefe da Casa Civil do ex-presidente Fernando Henrique Cardoso. Na semana passada, argumentando questões de ordem pessoal, ele licenciou-se da presidência, entregando o cargo a Maria de Lourdes Abadia.
Ex-governadora tampão de Brasília (assumiu em meados de 2006, com a renúncia de Joaquim Roriz, que se elegeu senador da República e depois renunciou para não ter o mandato cassado) Abadia será a árbitra da eleição das zonais. Pode mesmo dirigir o processo de escolha do Diretório Regional, desde que Eduardo Jorge estenda sua licença, inicialmente de 10 dias, para um prazo maior.
O problema – conforme tese levantada por diferentes tucanos brasilienses – é que Maria Abadia está lotada na liderança do PSDB na Câmara Legislativa, subordinada, portanto, a Raimundo Ribeiro, líder do partido. Outros dois dirigentes da legenda, e que compõem o conselho que dirigirá o processo sucessório, têm empregos no Governo de Brasília, supostamente indicados por Raimundo Ribeiro.
Talvez o fato de três dirigentes tucanos estarem empregados sob a graça de um dos postulantes à presidência do PSDB, tenha levado o grupo de Izalci Lucas a procurar os assessores de Raimundo Ribeiro, em busca de uma chapa de consenso. Talvez, apenas talvez, porque quem conhece a plumagem desses políticos, costuma dizer que emprego é trabalho, e comando partidário é camisa e ideologia.
Felipe Meirelles