Jagunço é jagunço, padre é padre, subversivo é subversivo… e quem complica, vai embora
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José Escarlate
Certo dia, o presidente João Baptista de Figueiredo recebeu em audiência o Núncio Apostólico, Dom Cármine Rocco.
Dom Cármine se queixou duramente a Figueiredo de que os militares estariam molestando e agindo irregularmente contra os padres dominicanos franceses, Aristides Camio e Francesco Goriou, acusados de incitamento contra a Polícia Federal, além de emboscada com morte em São Félix do Araguaia e em Conceição do Araguaia.
Mostrando-se bastante surpreso, com ar de espanto, semblante sério, Figueiredo indagou: “Qual a cor da farda deles?”
“Eram uns cabeludos. Não usavam farda” – respondeu dom Cármine.
O presidente, então, esboçando um sorriso disse: “Seu Núncio, isso é briga de bandidos, de marginais e não é problema meu”. E mais enfático finalizou: “É briga de jagunços”.
E ofereceu o isqueiro para acender o cigarro Parliament que dera a Dom Cármine Rocco.
Em setembro de 1982, os dois padres foram expulsos do país, acusados de atividades subversivas.
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