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Janaína Paschoal sugere aos senadores colocar corrupção da Lava Jato no impeachment

Janaína Paschoal, um dos autores do pedido de afastamento de Dilma, fala na Comissão Especial (Fabio Rodrigues Pozzebom/Agência Brasil)

Em reunião da comissão do impeachment no Senado, a advogada Janaína Paschoal, uma das autoras do pedido de impeachment, afirmou nesta quinta-feira (28) que os senadores podem ampliar os fatos investigados pelo processo de impeachment contra a presidente Dilma Rousseff e não estariam limitados pelo despacho do presidente da Câmara, Eduardo Cunha (PMDB-RJ).

Ao abrir o processo na Câmara, Cunha limitou o processo apenas a fatos ocorridos no mandato atual da presidente, iniciado em 2015, e excluiu as acusações de omissão da presidente nos casos de corrupção investigados pela Operação Lava Jato.

Janaína defendeu que os senadores podem incluir novos elementos no processo se assim desejarem, como as investigações da Lava Jato ou as chamadas pedaladas fiscais praticadas em 2014, portanto, no primeiro mandato de Dilma.

“Vossas excelências têm toda liberdade para se debruçarem sobre as 65 páginas da denúncia”, disse a advogada. Segundo Janaína afirmou, 15 das 65 páginas são voltadas a denúncias sobre a suposta ligação do governo Dilma com o esquema de corrupção investigado pela Lava Jato.

O pedido de impeachment, disse a advogada, possui mais dois “pilares” além das denúncias de corrupção: as pedaladas fiscais e os decretos de abertura de crédito orçamentário.

A advogada afirmou que juristas que estudaram o tema do processo de impeachment sustentam que o Senado tem liberdade para apurar e acolher outros argumentos diferentes dos analisados pela Câmara. “Fatos alheios à denúncia podem ser levados em consideração pelo Senado na hora do julgamento. Só estou dizendo qual é a doutrina”, afirmou.

Ao julgar o rito do impeachment, o STF (Supremo Tribunal Federal) definiu que cabe a Câmara apenas uma autorização para que a presidente seja processada, enquanto é o Senado que deve decidir sobre a abertura de fato do processo e fazer o julgamento da denúncia do impeachment.

Janaína comparou o papel da Câmara ao de um delegado de polícia e o do Senado ao de um juiz. “Então, ainda que o senhor Eduardo Cunha tivesse escrito [a limitação do processo], vossas excelências teriam o poder e dever de se debruçarem sobre denúncia na íntegra”, disse a advogada.

A defesa da presidente Dilma, e parlamentares da base do governo, tem usado o argumento de que o processo de impeachment versa apenas sobre as supostas pedaladas fiscais e decretos orçamentários de 2015.

Reale Junior e Paschoal foram convidados pela comissão do Senado para explicar os pontos da denúncia nesta quinta-feira (28).

Na sexta-feira (29), será ouvido o ministro da AGU (Advocacia-Geral da União), José Eduardo Cardozo, que fará a defesa da presidente Dilma Rousseff. Senadores do PT e PCdoB também conseguiram convidar os ministros Kátia Abreu (Agricultura) e Nelson Barbosa (Fazenda), além de um representante do Banco do Brasil. Eles devem falar sobre as supostas pedaladas fiscais praticadas no Plano Safra.

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