Brasília, 20 de junho, u.r.g.e.n.t.e.! São 13 horas e dois minutos em Brasília, onde o Supremo Tribunal Federal acaba de receber denúncias de corrupção contra o presidente da Câmara dos Deputados, Eduardo Cunha e o senador Fernando Collor, ex-presidente da República.
Fosse nos áureos tempos do rádio (que volta muitos anos depois a ocupar seu espaço junto à sociedade brasileira), a notícia seria dada assim, sem tirar ou acrescentar vírgula. Mas vale o fato em si. Os dois foram, sim, denunciados nesta quinta-feira, 20, ao STF, em ação proposta pelo STF.
As ações foram protocoladas pouco antes das 13 horas. O que se imaginava balão de ensaio do procurador Rodrigo Janot virou realidade, de um lado, e pesadelo, de outro, para Cunha e Collor.
As acusações falam em recebimento de propinas referente a contratos da Petrobras investigados pela Operação Lava Jato. Caso o STF aceite as denúncias, Collor e Cunha virarão réus na Justiça. Os dois negam as acusações do Ministério Público.
Nesta quinta, Cunha disse que o MPF exagerou e acusou o órgão de ter coletado dados de todos os deputados. O procurador-geral disse, entretanto, que não pegou dados de todos, mas apenas da ex-deputada Solange Almeida (PMDB-RJ), que teria intermediado as propinas requeridas por Cunha, e do próprio presidente da Câmara. Janot afirmou que Cunha usa o Congresso como escudo.
Em delação premiada, o lobista, empresário e representate da Toyo Setal, Julio Camargo, disse que Cunha recebeu US$ 5 milhões de dólares para facilitar a contratação de navios-plataforma da Petrobras pela sul-coreana Samsung Heavy Industries. Collor, por sua vez, teria recebido R$ 26 milhões em propinas entre 2010 e 2014, para favorecer contratos com a BR Distribuidora.
Eduardo Cunha começou a carreira justamente no governo Collor, em 1989, quando o empresário Paulo César Farias o convidou para integrar o Partido da Reconstrução Nacional (PRN), que em 2000 mudou de nome para PTC. Cunha havia atuado como tesoureiro da campanha presidencial de Collor.
Essas são apenas as primeiras denúncias registradas pela Procuradoria contra políticos. A expectativa é que em breve mais agentes públicos cujos nomes foram envolvidos nas investigações tenham os nomes levados ao Supremo. A Procuradoria priorizou Collor e Cunha neste primeiro momento. Os dois têm criticado fortemente e publicamente a Procuradoria e Janot.