Cruzeiro Novo
Jarbas, o tosco, evolui como o rabo de jumento
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emJarbas era tão tosco, que até a sua genitora, Clotilde, andava às turras com ele. Quanto aos outros, ninguém mais queria a companhia do troglodita.
Antes mesmo da troca do plantão noturno da portaria do bloco de uma quadra do Cruzeiro Novo, lá estava o resmungão defronte do apartamento da sua mãe, batendo de forma insistente, já que a velha era meio surda e a campainha vivia desligada para afastar os pedintes.
Para alívio dos vizinhos que continuavam nos braços de Morfeu, a porta finalmente abriu-se. Clotilde, ainda de camisola amarrotada por conta da noite mal dormida, com cara de poucos amigos, fitou o filho.
– O que é que você quer a essa hora, Jarbas?
– Ué, vim ver a senhora! Não posso?
A velha deu as costas para Jarbas, que entrou e fechou a porta. Ele seguiu os passos da sua mãe, que foi direto para a cozinha. A água do café já borbulhava. Ela pegou o coador e colocou um pouco de pó de café. Não demorou muito, lá estavam os dois sentados, um defronte ao outro, na pequena mesa de madeira.
– Mãe, todo mundo se afastou de mim. Até a Solange me colocou pra dormir no sofá.
Clotilde apenas observava, com certo desdém, as lamúrias do filho, que prosseguia a ladainha.
– No trabalho fico isolado, meus colegas apenas se dirigem a mim para falar coisas pertinentes ao serviço. Mãe, estou até fazendo terapia. Preciso melhorar o relacionamento com as pessoas. Mas acho que estou evoluindo.
– Está sim evoluindo… Que nem rabo de jumento!
– Como assim, mãe?
– Pra baixo!!!