Sobrou água
Jesus não faz milagre e pega secretaria desidratada
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emCláudio Abrantes, o Cristo do Morro da Capelinha, vestiu-se de Judas, mirou 1 milhão 500 mil moedas de seus centuriões Eduardo Pedrosa (União Brasil), João Hermeto (MDB) e Robério Negreiros (PSD), e minou o piso onde estava a cadeira ocupada por Bartolomeu Rodrigues na Secretaria de Cultura.
Forçado a ceder em um jogo de xadrez político onde bispos e cavalos falam mais alto e atropelam mais casas do que o rei, Ibaneis, porém, ao lavar as mãos, pegou o resto da água e desidratou a pasta hoje ocupada pelo ex-deputado que carregava uma cruz de isopor. O governador passou, literalmente, ao menos para o público externo, um aspirador no entorno do escovão.
O dinheiro seria para patrocinar os beijos que a Banda Kiss distribuiria no palco do Mané Garrincha, em abril último, sob os auspícios do Metrópoles, site supostamente pertencente ao ex-senador cassado Luiz Estevão, condenado por corrupção e preso, também, por formação de quadrilha com o ex-Juiz Lalau. O rombo da dupla no Fórum Trabalhista de São Paulo foi de 1 bilhão de reais.
O assunto das emendas parlamentares, embora mereça uma investigação do Ministério Público de Contas, não virou caso de polícia porque Bartolomeu Rodrigues, vislumbrando uma treta, usou uma escavadeira do tipo Caterpillar e extirpou a semente que saiu da Câmara Legislativa para ser plantada na Secretaria de Cultura.
Mas, passada a tempestade, a bonança ainda vai demorar a vir. Muita coisa merece ser explicada. Uma delas é o fato de a senhora Gabrielle Cristine Rocha Barreto, que teria supostamente intermediado aquelas emendas no valor de 1 milhão 500 mil reais, estar nomeada como assessora do presidente da Câmara Legislativa, deputado Wellington Luiz (MDB). Reitere-se que, coincidência ou não, ela é a tesoureira do Instituto Ibeti, ONG co-responsável pela realização do evento no Mané Garrincha.
O caso não está encerrado. Tanto é que continuam cantarolando por aí trecho da música de Jorge Aragão: ‘(…) malandro, você tá sabendo que o Zeca morreu/Por causa de brigas que teve com a lei (…) Só peço o favor de que tenhas cuidado/Olha, as coisas não andam tão bem pro teu lado (…).