O ex-ministro Nelson Jobim disse ao pré-candidato do MDB à Presidência, Henrique Meirelles, que não tem interesse em concorrer ao Palácio do Planalto nas eleições de outubro. Em recente conversa por telefone com Meirelles, Jobim desautorizou o que chamou de “especulações” sobre o assunto e garantiu nem sequer ter sido consultado por quem lançou o seu nome.
A iniciativa do telefonema partiu do próprio Meirelles, após ele ter recebido mensagem de WhatsApp de Jobim, no sábado, quando estava em Porto Alegre. Na ocasião, o ex-presidente do Supremo Tribunal Federal (STF) escreveu ao amigo dizendo não apenas que não era candidato à Presidência como assegurando que jamais faria qualquer movimento nesse sentido sem antes falar com ele.
Meirelles estava na capital gaúcha para várias reuniões com o MDB e ficou satisfeito com a atenção de Jobim. Nos bastidores, porém, alas do MDB e setores do PSDB não pararam de conversar sobre a possibilidade de uma dobradinha entre os dois partidos para furar o “bloqueio” das candidaturas de direita e de esquerda.
O problema é que a relação entre o pré-candidato do PSDB à Presidência, Geraldo Alckmin, e o Palácio do Planalto vai de mal a pior. Ficou ainda mais desgastada depois que o ex-governador de São Paulo disse que o governo Temer “padece de uma questão de legitimidade”.
Na prática, tucanos que pregam a aliança com o MDB querem o tempo de TV do partido de Michel Temer no horário eleitoral, visto como um dote importante, mas se recusam a defender o presidente impopular e a fazer dobradinha com Meirelles, hoje com apenas 1% nas pesquisas de intenção de voto.
É nesse cenário que começaram a surgir articulações paralelas sobre a eventual troca do candidato do MDB, puxadas, inicialmente, por deputados federais da região Sul. Embora o Planalto negue esse movimento, tucanos trataram de espalhar que veriam com bons olhos o MDB na chapa liderada por Alckmin, desde que fosse com Jobim na vice.
Coordenador político da campanha de Alckmin, o ex-governador de Goiás Marconi Perillo tratou de marcar uma reunião com o senador Romero Jucá (RR), presidente do MDB, para a próxima semana. Em post no Twitter, Jucá propôs o diálogo e entendimento entre os partidos de centro. “(…) Tenho a convicção que juntos levaremos o Meirelles para o segundo turno e depois para a vitória. O Brasil necessita disto. Temos que avançar”, escreveu Jucá.
Atualmente, a cúpula do MDB é muito mais próxima do ex-prefeito João Doria, pré-candidato do PSDB ao Palácio dos Bandeirantes, do que de Alckmin.
Enquanto a união entre os partidos de centro parece cada vez mais distante, Meirelles começou a fazer aulas com a fonoaudióloga Leny Kyrillos. Sua meta é melhorar a dicção e o timbre de voz para a campanha eleitoral. Mesmo no MDB, no entanto, há quem diga a portas fechadas que o ex-ministro da Fazenda precisa deixar o “economês” de lado, traduzir o impacto de indicadores para a vida real da população e transmitir o seu recado com mais firmeza.