Antes de iniciar, quero deixar claro que não tenho nenhum interesse em defender este ou aquele lado político. Afinal, todos sabemos que no fim das contas, muitos que se envolvem nesse jogo parecem estar mergulhados na mesma lama. Porém, ao ver as contradições e incongruências descaradamente jogadas na cara dos eleitores – advogados e advogadas – não pude permanecer em silêncio. Aqui estou para expor, de forma crítica e irônica, as manobras retóricas do presidente da OAB/DF, Délio Lins e Silva Júnior, que, com ares de guardião da independência institucional, atacou o governador Ibaneis Rocha por apoiar publicamente o pré-candidato Cleber Lopes. Uma análise que revela não apenas incoerências, mas uma estratégia calculada para manipular a percepção dos eleitores da Ordem.
A retórica de Délio Lins, ao se posicionar contra a manifestação pública de apoio de Ibaneis, é um exemplo clássico de como a manipulação discursiva pode ser usada para criar uma falsa impressão de independência e superioridade moral. Quando o presidente da OAB/DF se coloca como o defensor da autonomia da instituição, criticando a intervenção de um governador que, por acaso, também é ex-presidente da mesma Ordem, ele tenta pintar um quadro onde ele próprio aparece como o paladino da imparcialidade e da justiça. Mas será que essa postura se sustenta?
Contradições inconvenientes
Vamos lembrar de alguns fatos que, curiosamente, são omitidos quando Délio se coloca nessa posição de guardião da Ordem. Durante a gestão de Agnelo Queiroz, Délio foi nomeado assessor jurídico do Jardim Botânico de Brasília. Na época, ele ocupava um cargo de conselheiro da OAB-DF, o que deveria, em teoria, levantar as mesmas questões de incompatibilidade e conflito de interesse que ele agora levanta contra Ibaneis. Mas não parou por aí: após críticas e pressão, ele saiu do cargo… mas quem o substituiu? Sua esposa, Alice Carolina Fonseca, que assumiu o posto, mantendo a influência do casal intacta dentro do governo do Distrito Federal.
E não é só isso. Durante sua reeleição à presidência da OAB-DF, o mesmo Délio que hoje critica a interferência de políticos no processo eleitoral da Ordem, não hesitou em pedir apoio ao Senador Izalci Lucas. Isso mesmo: o defensor da “independência” da OAB-DF não viu problema em buscar o suporte de um político influente para assegurar sua continuidade no cargo. Onde está a coerência em criticar a intervenção política de outros quando se faz exatamente o mesmo?
O que podemos aprender com essa narrativa? Que o discurso de independência de Délio, quando convenientemente explorado, serve mais como uma ferramenta de autopromoção do que como um verdadeiro compromisso com a imparcialidade. É uma pena que muitos eleitores não percebam que estão sendo manipulados por uma retórica que mascara interesses pessoais sob o manto de uma falsa moralidade.
Uso da máquina pública
E as contradições não param por aí. Nas eleições anteriores, Délio, que se dizia contrário à reeleição, conseguiu ser eleito e reeleito, utilizando práticas que muitos considerariam, no mínimo, eticamente questionáveis. A começar pelo uso indevido de publicidade da OAB/DF, onde recursos das anuidades dos advogados foram empregados para promover sua chapa e assegurar sua reeleição. Isso mesmo, o defensor da “independência” da Ordem não teve pudor em usar a máquina pública para se manter no poder.
Para aqueles que ainda duvidam, basta olhar para a série de condenações que Délio sofreu na Comissão Eleitoral Nacional. Foram cinco punições, todas elas relacionadas ao uso indevido da máquina para promoção pessoal e propaganda antecipada. É irônico, não? Aquele que hoje critica Ibaneis por seu apoio a Cleber Lopes foi repetidamente condenado por práticas que corroem a integridade do processo eleitoral dentro da própria Ordem.
Manipulação dos eleitores
O mais preocupante em toda essa situação é a maneira como os eleitores de Ordem são tratados. São bombardeados com uma retórica de independência e ética, mas os fatos nos contam uma história bem diferente. A tentativa de Délio de se descolar das influências políticas, ao mesmo tempo em que usa todas as ferramentas disponíveis para manipular o processo eleitoral, revela uma incoerência gritante. Não se trata de proteger a Ordem, mas de proteger o próprio poder.
Estamos diante de uma eleição crucial para a OAB/DF, onde o futuro da instituição está em jogo. A manipulação, as manobras de bastidores e a retórica vazia de independência estão sendo usadas como armas para confundir e desviar a atenção dos verdadeiros problemas. É fundamental que os advogados e advogadas do Distrito Federal enxerguem além das palavras bonitas e olhem para os atos daqueles que se dizem seus defensores.
A crítica de Délio Lins a Ibaneis Rocha é, em última análise, um reflexo de sua própria prática: manipulação da narrativa para moldar a opinião pública a seu favor, enquanto oculta suas próprias falhas e contradições. É hora de questionarmos essa retórica e exigirmos mais transparência e coerência de nossos representantes. Afinal, a independência da OAB-DF não pode ser apenas um slogan vazio, mas deve ser refletida nas ações daqueles que a lideram. Os eleitores da Ordem merecem mais do que serem tratados como peões em um jogo de poder disfarçado de moralidade.