Parece que começou ontem. Um dos principais nomes da disputa presidencial só foi oficializado esta semana, alguns candidatos a proporcional mal receberam seu material, ainda há uma dúvida sobre o segundo senador “da direita” no Distrito Federal. Mas a campanha política 2018 já passou da metade. E sem direito a intervalo.
Campanha mais curta, por vontade dos atuais mandatários, que vendo a rejeição popular ao meio político como um todo trataram de reduzir o tempo de exposição oficial e com isso diminuir as chances dos novatos. Até agora a tática funcionou, particularmente para o Senado: as pesquisas indicam uma renovação baixíssima. E nomes carimbados nas páginas políticas e policiais estão rumando a uma reeleição tranquila.
No quadradinho que é o Distrito Federal, Hélio José preferiu entrar na disputa à Câmara; só Cristovam Buarque foi para a reeleição, mesmo sabendo que seus votos e suas declarações desde 2016 o afastaram de parte significativa de seu eleitorado e sem ter certeza que trouxeram votos de outra sensibilidade. Ele tinha percebido a perda de primeiros votos, mas contava com um acréscimo nos segundos votos, com os quais ajudou a eleger Rodrigo Rollemberg em 2010.
Essa eleição tinha até quebrado a curta tradição brasiliense de distribuir as vagas de senador quando vêm em dupla, democraticamente à esquerda e à direita: Lauro Campos e José Roberto Arruda foram em 1994, Cristovam e Paulo Octávio em 2002. Fraga, em 2010, tinha pago com derrota a força do então pedetista.
O vento de renovação parece soprar em direção a Leila do Vôlei, aposta por enquanto vitoriosa de Rodrigo Rollemberg para conservar uma vaga originalmente socialista no Senado.
A eleição de 2014 consagrou um candidato atípico, Antônio Reguffe, contra Gim Argello e Geraldo Magela, que adotaram o discurso de “buscador de recursos para o DF”, a de 2018 parece voltar a premiar quem vê o Senado como fonte de dinheiro, tal qual um super deputado. É verdade que no Brasil, onde há propostas de leis originárias e emendas parlamentares para os senadores, a função moderadora da Câmara Alta, destinada também aos debates políticos importantes e às formulações a médio prazo (por isso o mandato de 8 anos), perdeu sua importância.
Para a bancada federal, alguns nomes já despontam, com algumas boas surpresas. Por enquanto, o time feminino está em alta. A representação federal brasiliense foi tradicionalmente masculina, chegando a 100 % em 2006. Nas outras eleições, exceto na Constituinte com Maria Abadia e Marcia Kubitschek, e em 2010 quando Érika Kokay e Jaqueline Roriz chegaram ao Congresso, nossos federais só tinham uma representante (1990 e 1994: Maria Laura, 1998: Abadia; 2002: Maninha; 2014: Érika Kokay). Mas o número de indecisos ainda é assustador, e pode criar uma virada para o Clube da Luluzinha.
Para os distritais, a meia-campanha serve sobretudo para ver quem está de fato no jogo. Nomes aparecem, mas as pesquisas, pelo próprio método, superestimam as lideranças regionais e têm dificuldade em captar o voto de categoria. Por exemplo, os habitantes de Brazlândia são fáceis de encontrar, enquanto os auxiliares de enfermagem estão espalhados por todas as regiões. Quem sabe representar sua terra ou sua categoria sempre terá vantagem. Mas os últimos dias são cruéis para os desprovidos de recursos. Alguns candidatos se mostraram, em 2014, mestres em concentrar seus esforços na última semana, quiçá nas últimas horas. Para estes, não ser muito comentados agora faz até parte da estratégia “low profile”. Mas serão onipresentes, via suas equipes, no dia D.
A disputa para governador pode estar tomando um rumo neste momento. O Ibope previsto para esta segunda-feira, se confirmar a dianteira de Eliana Pedrosa indicada no Datafolha, vai também provocar reuniões nos comitês de outros candidatos. Quem teria condições de chegar ao segundo turno com a ex-deputada distrital? E, sobretudo, qual discurso adotar para bater os outros concorrentes masculinos?
Alberto Fraga já mostrou, durante a última semana, que pretende encarnar o candidato a presidente Jair Bolsonaro. E o General Paulo Chagas, representante oficial do capitão-deputado, se não abrir os olhos e reagir, vai voltar para seus queridos cavalos. Já Ibaneis Rocha, se o Ibope também registrar sua chegada (na margem de erro) ao grupo de cima, mostrará que popularizar a oratória atrai frutos. Uma postura, aliás, temida pelos concorrentes quando chegarem os últimos debates.
Rogério Rosso vai ampliar seu público-alvo além dos servidores do GDF? Rollemberg vai conservar o bordão da “casa arrumada” que ecoa o de Agnelo Queiroz em 2014? Júlio Miragaya conseguirá mobilizar as tropas petistas, que ainda existem, como demonstram as intenções de voto em Érika Kokay, amplamente superiores às do seu candidato ao Buriti?
O certo é que a segunda metade da campanha está começando. Não houve intervalo. E quem tiver fôlego curto será a partir de agora cada dia mais empurrado em direção ao vestiário.