José Escarlate
Certa manhã, caminhando na praia em Copacabana, na altura do posto 6, ensaiei uma entrevista com o escritor baiano Jorge Amado, que eu sabia ser comunista convicto. Vivíamos anos de chumbo.
Dolente, preguiçoso, ele contou que já havia preparado alguma coisa para o seu novo livro, mas sem adiantar detalhes.
Deitado em uma cadeira de praia, próxima ao mar, ele confessou com muita tranquilidade:
“É difícil, moço, trabalhar aqui. O clima quente, o sossego, a comida boa e essa gente alegre, tudo convida à preguiça”. E acrescentou: “É difícil enfrentar a máquina de escrever, com tudo isso em volta”.