Cerca de 30 jornalistas vestidos de preto se reuniram no auditório do Sindicato dos Jornalistas do Estado de São Paulo e saíram em passeata até a sede do jornal Folha de S.Paulo, na tarde de hoje (8). A manifestação faz parte de um ato nacional contra demissões, precarização das relações de trabalho e práticas antissindicais. Só no primeiro trimestre de 2015, 191 jornalistas foram demitidos na Grande São Paulo, segundo o sindicato.
A reunião contou com a presença da diretoria da Federação Nacional dos Jornalistas (Fenaj) e representantes dos sindicatos da categoria de outros estados, como Alagoas, o Paraná, Santa Catarina e o Rio Grande do Sul.
“Há uma ação articulada de caracterização de uma crise no setor que não existe e de irresponsabilidade social quanto ao emprego dos jornalistas”, disse, em nota, o presidente da Fenaj, Celso Schröder. De acordo com ele, os balanços das empresas mostram que seu lucro é significativo. “Precisamos reagir e lutar em defesa dos nossos direitos, por isso convocamos a categoria a assumir e participar desta mobilização”, completou.
Segundo sindicato de São Paulo, as demissões atingiram as redações do Estado de S. Paulo (cerca de 30 pessoas), da revista Veja (aproximadamente 30), da Folha de S.Paulo (cerca de 20), do SBT, da Bandeirantes e na Jovem Pan.
No Rio, o sindicato da categoria promoveu um ato no centro da cidade contra demissões, precarização do trabalho e práticas antissindicais. Na última quarta-feira (6), os deputados da Assembleia Legislativa derrubaram o veto do governador Luiz Fernando Pezão à inclusão dos jornalistas no piso regional do estado, de R$ 2.432,72, após 20 anos sem piso estabelecido para a classe. “Conquistamos uma importante vitória com a mobilização da categoria ao lado do sindicato”, disse Camila Marins, diretora do sindicato.
Segundo o Ministério do Trabalho e o Departamento Intersindical de Estatística e Estudos Socioeconômicos (Dieese), no Rio, dos 12 mil jornalistas com registro profissional, 4 mil têm a Carteira de Trabalho assinada.
“Nós, jornalistas, somos todos trabalhadores e estamos sendo massacrados pelas empresas de comunicação, que continuam com lucros exorbitantes”, desabafou Camila. De acordo com o Projeto Inter-Meios, dados sobre o faturamento publicitário dos meios de comunicação indicam que, entre novembro de 2013 e novembro de 2014, as mídias receberam R$ 30,7 bilhões com publicidade, aumento de 5,96% em relação ao período de novembro de 2012 a novembro de 2013.
A partir de dados compilados pelo Dieese a pedido do sindicato, foram observadas práticas destinadas a diminuir os salários. A remuneração de um profissional da TV aberta, por exemplo, foi reduzida, em média, de R$ 3.960 para R$ 2.870 de janeiro a dezembro de 2014. Foram demitidos 142 jornalistas e contratados 188 ganhando salário 72% menor.
Segundo o assessor do sindicato, Bernardo Moura, o ato reuniu 30 pessoas em frente à Câmara Municipal do Rio de Janeiro.
Da Redação com ABr