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Jovens infratores aprendem caminho para uma nova vida

Jadeu Abreu

Mãos um dia envolvidas em malfeitos agora regam hortas em unidades de internação de Brasília. O projeto Horticultura e Socioeducação prepara adolescentes em conflito com a lei para trabalhar com o cultivo de hortaliças. A ideia é que o jovem saia do ócio e que tenha um curso profissionalizante dentro do sistema socioeducativo.

Idealizador do projeto, o servidor Hudson Carneiro Correia, da Unidade de Internação de Planaltina, decidiu incentivar a prática agrícola entre os internos. “Tem a questão da terapia ocupacional; trabalhar com planta é terapêutico”, afirma.

O espaço de plantação é conhecido como Fazendinha. Lá, os adolescentes plantam alface, rabanete, rúcula, abóbora, tomate cereja, couve e beterraba, entre outros produtos.

A produção é comercializada entre os servidores e distribuída aos familiares dos internos nos dias de visita. Em média, são colhidos 140 produtos por semana.

A oficina de horta ocorre nas manhãs e tardes de terças e quintas-feiras. Em cada turno, apenas dois jovens podem participar das atividades. Os selecionados são voluntários e devem ter mais de seis meses sem ocorrências. “A gente faz uma triagem para selecionar os meninos.”

A rotatividade no projeto é alta. O tempo máximo de permanência é de seis meses, quando ocorre um novo processo de triagem para selecionar jovens que vão continuar o trabalho.

Por falta de recursos, não é possível ter servidores na quantidade necessária para o projeto funcionar todos os dias da semana. Para compensar, são firmadas parcerias com outros órgãos.

A Empresa de Assistência Técnica e Extensão Rural do Distrito Federal (Emater-DF) emite certificado de conclusão do curso e fornece insumos. A Companhia Urbanizadora da Nova Capital do Brasil (Novacap) também colabora com a doação de terra, enriquecida de compostos orgânicos para o cultivo.

Por meio do projeto, um rapaz de 16 anos teve contato com a terra pela primeira vez. Ele está há um ano e três meses na unidade de internação e há cinco meses participa da Fazendinha. Já sonha alto em usar o conhecimento adquirido para o futuro. “Eu quero fazer vestibular e cursar agronomia.”

Outro jovem, de 17 anos, também planeja desenvolver trabalho agrícola na chácara onde o pai cultiva hortaliças. Ele conta que quis participar do projeto para aprender a cuidar das plantações. “A gente aprende a manejar e a cuidar da terra.”

O projeto Horticultura e Socioeducação é pioneiro na Unidade de Internação de Planaltina, que concentra 85 adolescentes. A horta também está presente nas unidades de São Sebastião, de Santa Maria, da Saída Sistemática, do Provisório e nos sistemas de semiliberdade e de meio aberto.

A Unidade de Internação de Planaltina recebe doação de sementes e insumos, como terra adubada, para desenvolver o projeto.

Agência Brasília

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