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Julinho de Adelaide mantém esperanças de o Brasil deixar de ser Geni

Os 80 anos de Julinho da Adelaide me fizeram abduzir espontaneamente às mesmas festividades simbólicas dos 80 anos de Gilberto Gil, Caetano Veloso, Milton Nascimento, Ney Matogrosso, Geraldo Vandré, Paulinho da Viola, Erasmo Carlos e Roberto Carlos. Não necessariamente nessa ordem, todos têm biografias merecedoras de vários best sellers. Mesmo assim, a maioria já foi vítima dos “patriotas” anticristos por ter, em algum momento da vida artística, utilizado a Lei Rouanet como fomento de projetos e iniciativas culturais no país. Para quem não se lembra, a famigerada lei foi criada no governo de Fernando Collor, hoje um dos pilares das bestialidades do conservadorismo.

Curiosamente a vergonhosa encenação dos estupradores da cultura contra nossos formadores de opinião não alcançou os cantores (?) sertanejos, cujas opiniões nem mesmo eles querem. Quem não se lembra de que, em 2022, contra a manutenção da democracia, artistas da cornolandia trocaram, manifesta e oficialmente, o apoio a Jair Bolsonaro por perdão de dívidas de quase R$ 1 bilhão com a Receita Federal. Sinal da mente unilateral dos apopléticos defensores de catástrofes naturais ou produzidas pelo ódio maldito que carregam em suas tetas secas desde que a nação decidiu trocar o sofrimento e a agressão pela paz e pelo crescimento humano.

Voltando à comemoração dos 80 anos de Julinho da Adelaide, o mesmo Chico Buarque de tantas construções poéticas, a data me remete aos áureos tempos da Disparada que levava dos homens de coturno somente porque cantava Caminhando no Domingo no parque a Primeira canção da estrada. Desculpem o auê, mas, sem Medo da chuva, aderi à Balada do louco e, cheio de Alegria, alegria, consegui vencer as Curvas da Estrada de Santos e todos os perigos da BR-3. Antes que os alquimistas chegassem, embarquei na Banda do Zé Pretinho e, ao lado de Sá Marina, Sentei à beira do caminho do Taj Mahal apenas para tentar descobrir o que havia Debaixo dos caracóis dos seus cabelos.

Meus caros amigos, havia muito mais coisas do que um Marinheiro só. Além da Meia lua inteira, aproveitei a Banda, Lady Laura, Odara, a Luz de Tieta, Iolanda, Fio Maravilha e Jorge Maravilha. Andava meio desligado, mas tudo era Azul da cor do mar. Mesmo sem os bauretes do Tim Maia, viajei do Leme ao Pontal em Um dia de sol com um único objetivo: sentir os arrepios dEsse tal de Roque Enrow. Baby, decidida a Andar com fé, a Juventude transviada de minha época pirava desde o Rio 40 graus até o Trem das onze chegar em Sampa. Todavia, não se embasbacava por tipos Esotéricos que achavam que podiam governar seus Doces bárbaros exclusivamente Pela internet.

Que pena, mas os que me sucederam décadas mais tarde são obrigados a conviver com Temporal de amor, esquivando-se do Meteoro da paixão num Domingo de manhã, após a facada na Rita ter atingido o mito criado no Bailão de peão que acabou antes que 2022 se transformasse em Espumas ao vento. O Dia branco surgiu trazendo Véio Zuza de volta ao cenário nacional. Ainda Todo sujo de batom, Vô batê pá tu o que Simonal deveria ter dito à multidão quando ele roubou a cena no Maracanãzinho em 1966, durante um show de Sérgio Mendes: Que beleza que a Primavera voltou a fazer parte dos Bons momentos do País tropical. Lá eu estivesse também diria aos mais radicais que você não gosta de mim, mas seus filhos gostam. Eu e os da minha época nunca tentamos contatos com Objetos não identificados em pátios de quartéis.

No máximo, servi ao Exército do surf. Por isso, permaneço Apenas um rapaz latino americano. Sou um Sujeito de sorte e com o Coração selvagem, pois, quando olho pelo Retrovisor, o que vejo são Canteiros recheados de Garotos de aluguel apegados ao Fanatismo sem nexo e fazendo Juras secretas a um Caboclo sonhador. É a Divina comédia humana de quem, nessa Roda viva, não viu a Garota de Ipanema desfilar para o Meu guri. Portanto, Apesar de você insistir que seu Deus é melhor do que o meu Talismã, o que tenho a lhe dizer é simples: Cálice e, se puder, ouça a Banda passar tocando Tatuagem para embalar Luciana e as Mulheres de Atenas. Resumindo a canção, o que fazer se nossa Folia de Reis é melhor do que a de vocês. Foi o que Julinho de Adelaide escreveu para Chico Buarque imortalizar. Portanto, deem a Chico o que é de Chico e não esqueçam de caetanear que o Brasil não é mais a Geni.

*Armando Cardoso é presidente do Conselho Editorial de Notibras

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