Diretores, professores e pais da comunidade escolar de ensino especial exigiram nesta segunda (29) mais respeito e atenção aos centros de ensino especial do DF. “É vergonhoso mendigar um direito constitucional”, resumiu a professora Gicileide Ferreira de Olivera, do Centro de Ensino Especial do Guará. A declaração indignada da professora se somou a outras cobranças e exigências apresentadas em audiência pública realizada na Câmara Legislativa, por iniciativa dos deputados Wasny de Roure (PT) e Joe Valle (PDT).
Luciana Custódio de Castro, diretora do Sindicato dos Professores do DF (Sinpro-DF), reconheceu os avanços do DF na educação especial, mas apontou metas que ainda precisam ser cumpridas. “Hoje o DF matricula 71% dos alunos de ensino especial de todo o Brasil, mas ainda temos muito que avançar, como por exemplo a implementação do braile nos concursos públicos e da Libras como primeira língua nas escolas especiais. A aprovação do Plano Distrital de Educação foi também um avanço, pois agora temos um plano de 10 anos construído coletivamente e que é lei, não uma política de governo”, afirmou.
Itamar Assenço, professor do Centro de Ensino Especial de Ceilândia, reclamou da falta de repasses para as escolas especiais. “Neste ano recebemos uma verba emergencial que nem deu para pagar as dívidas do ano passado. Estamos sem materiais básicos, falta até papel higiênico. É lastimável ter que vir aqui novamente para estender o pires”, lamentou.
O diretor do Centro de Ensino Especial de Taguatinga, José Antônio, pediu a liberação de recursos de emendas ao orçamento do GDF. “Temos várias emendas aprovadas garantindo recursos para a educação especial, mas o governo não empenha. Vivemos uma situação singular, em que a escola é pública, mas a responsabilidade de tudo é do diretor. Sem a atuação do Estado, não podemos avançar”, ressaltou.
A promotora de justiça Cátia Martins Vergara trouxe à tona razões históricas para o descaso com a educação especial. “Há dois séculos começou a política de higienização no nosso país, que excluía as pessoas com deficiência mental do convívio social. Infelizmente isso foi enraizado culturalmente e hoje as políticas esbarram nesse preconceito. Por isso é tão difícil implantarmos a acessibilidade em nossas cidades”, explicou.
Depois de ouvir todas as falas, o secretário de Educação do DF, Júlio Gregório, limitou-se a dizer que a secretaria está à disposição da comunidade para encontrar soluções, mas fez questão de ressaltar que “não é possível prometer o que não se tem condições de cumprir”. O secretário disse ainda que o Plano Distrital de Educação é um “passo sólido em direção a uma educação especial mais inclusiva e humana”. Também participaram da audiência os deputados Reginaldo Veras (PDT), Júlio César (PRB) e Agaciel Maia (PTC).