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Justiça manda prender grupo de policiais que atuava com o PCC

Foto/Reprodução do Google

O Tribunal de Justiça de São Paulo determinou a prisão de 30 policiais civis que atuam na cidade de São José dos Campos, a 95 quilômetros da capital, acusados de tráfico de drogas por meio de ligação com o Primeiro Comando da Capital (PCC). A Secretaria Estadual da Segurança Pública (SSP) afirmou que os mandados ainda estão sendo cumpridos e que os detidos serão levados ao Presídio da Polícia Civil. Além dos policiais, houve determinação da prisão de um ex-policial, uma advogada e quatro outros traficantes de drogas.

A acusação é resultado de uma investigação conduzida pelo Ministério Público Estadual (MPE), que afirma ter identificado pagamentos de R$ 276,3 mil entre os anos de 2015 e 2017 para os policiais, que atuam em seis delegacias da zona sul da cidade. Mas a denúncia cita ainda casos em que traficantes presos eram “sequestrados” por policiais civis, que exigiam dinheiro para soltar criminosos presos.

A investigação, chamada “Boate Azul”, se desenvolveu entre os meses de junho e novembro de 2016 e apurou a ação de integrantes do PCC no bairro Campo dos Alemães, em São José. O trabalho resultou no indiciamento de 29 pessoas, que agiam, de acordo com a investigação, de um homem chamado Lúcio Monteiro Cavalcante – morto por policiais militares em março deste ano. Cavalcante já havia sido preso no Ceará por tráfico.

Após as ações da “Boate Azul”, as investigações continuaram e o Grupo de Atuação Especial e Repressão ao Crime Organizado (Gaeco) passou a apurar uma pista encontrada com dos subordinados de Cavalcante: uma anotação encontrada em abril do ano passado com nomes e valores pagos a policiais civis da cidade. A pista estava com José Aparecido Teles de Proença, acusado de tráfico preso em flagrante com 1,1 quilo de crack, uma pistola Glock e cerca de R$ 300 mil em dinheiro.

Na sequência, o Gaeco passou a grampear suspeitos. “As investigações levaram à identificação do envolvimento de policiais civis de São José dos Campos com traficantes de drogas e com o recebimento contínuo de valores (propina) e com esquema de lavagem (ocultação de patrimônio) de dinheiro originário do tráfico de drogas”, diz a decisão que determinou as prisões, que ainda afirma que o esquema de tráfico “ostensivo” na região só ocorria por meio de um esquema “endêmico” de corrupção.

Entre os policiais que tiveram a prisão determinada, há agentes que atuam em delegacias especializadas da Polícia Civil, como o Grupo Armado de Repressão a Roubos e Assaltos (Garra), a Delegacia de Investigações Gerais (DIG) e ainda a Delegacia de Investigações Sobre Entorpecentes (Dise), responsável justamente em combater o tráfico. Mas há também agentes lotados em outros locais da cidade, como a Delegacia de Defesa da Mulher (DDM).

Os 30 policiais, todos eles identificados no processo, recebiam propina mensal ou quinzenalmente, de acordo com o MPE. O Estado tenta contato com todos os acusados.

Ao pedir a prisão da quadrilha, o MPE enviou à Justiça dez trechos de interceptações telefônicas em que traficantes citam, em conversas entre si, os pagamentos feitos a policiais civis. A denúncia cita ainda que, em uma diligência feita em um imóvel do traficante Cavalcante em Jacareí, cidade vizinha a São José, foram encontrados mais de 890 munições (balas) para as armas aprendidas no local (dois fuzis HK, um fuzil AR-15, duas espingardas e duas pistolas) e que “a maioria das munições pertencia a um lote adquirido pela Polícia Civil de São Paulo”.

Sequestro – No texto, são citados ainda apelidos com os quais os traficantes identificavam os policias, como “Cabelo”, “Pó”, “Carequinha do Óculos”, “Cobra”, “Correria” e outros.

A denúncia descreve caso ocorrido em setembro de 2016, em que três dos policiais abordaram um traficante em flagrante e, no lugar de prendê-lo, exigiram R$ 10 mil da mãe do detido para liberá-lo sem nenhuma acusação. A conversa entre a mãe e outro comparsa do rapaz preso foi monitorada.

“Do diálogo entre ambos, verifica-se que estavam com dificuldades para reunir o montante exigido a título de resgate, pois tinham pago R$ 25 mil a outros policiais civis no dia anterior”, descreve a sentença que determinou a prisão da quadrilha.

As prisões foram determinadas na quarta-feira, 30, e estão sendo cumpridas nesta quinta-feira, 1º, pela Corregedoria da Polícia Civil. O Estado não tem a confirmação se há foragidos. Por meio de nota, a Secretaria Estadual da Segurança Pública afirmou que “será instaurado procedimento administrativo disciplinar para apurar a conduta de 30 policiais da região de São José dos Campos que tiveram a prisão preventiva decretada pela Justiça” e que “assim que os respectivos mandados forem cumpridos, os policiais serão encaminhados ao Presídio da Polícia Civil”.

“A Polícia Civil esclarece que não compactua com desvios de condutas e todos os fatos serão devidamente apurados”, diz a nota da secretaria.

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