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Do Palácio Iguaçu ao Planalto

Kassab articula nome de Ratinho Júnior para a cadeira de Lula em 2026

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Autor/Imagem:
Misael Igreja - Foto de Arquivo

Gilberto Kassab, aquele que trafega pelos bastidores da política como um maestro de sinfonias silenciosas, resolveu afinar os instrumentos da sucessão presidencial. Sem alarde, sem estardalhaço, mas com a precisão de quem já viu de tudo — e, sobretudo, sabe esperar – está preparando uma jogada que deve mexer no tabuleiro político a partir de agora. O que ele pretende é um xeque-mate. O alvo? O Palácio do Planalto em 2026. O nome da vez? Ratinho Júnior, governador do Paraná, uma personalidade que, associada ao nome do pai, ainda remete ao folclore televisivo, mas que Kassab enxerga como um protagonista no grande teatro do poder.

Na ótica do presidente do PSD, se a eleição fosse hoje, o PT não marcharia como favorito. E é nesse vácuo que ele quer inserir seu projeto, reunindo Centro, centro-direita e direita em uma frente ampla, capaz de barrar o ciclo petista. No que está sendo visto como uma jogada de mestre onde o cenário político se redesenha a cada movimento, e Kassab, estrategista discreto, mexe as peças sem que os holofotes percebam.

Ratinho Júnior, por sua vez, guarda a fleuma dos que sabem esperar a hora certa. Jovem, bem avaliado no Paraná e com trânsito entre os mais diversos espectros políticos, ele se encaixa no molde do candidato agregador. Não é um nome que assusta, tampouco um que empolga de imediato, mas para Kassab, a política não se faz com arroubos e sim com costuras firmes, de preferência sem que os fios apareçam de imediato.

A grande questão, porém, não é apenas viabilizar um nome, mas construir uma narrativa. É notório que Lula e o PT seguem como forças vivas, e o lulismo, ainda que desgastado, mantém raízes profundas. Para que Ratinho Júnior tenha alguma chance, será preciso mais do que articulação partidária: será necessário um projeto que dialogue com o Brasil real, aquele que paga boleto e desconfia das velhas promessas.

O nome de Ratinho Jr é consenso dentro do PSD – e visto com simpatia inclusive nas fileiras que formam os partidos do Centrão. A candidatura do governador do Paraná, recorde-se, foi aventada pela primeira vez em outubro último, em Brasília, durante reunião de dirigentes da legenda.

Naquela ocasião, o anfitrião do encontro, ex-senador Paulo Octávio, foi categórico: “É importante para o partido ter candidato próprio à Presidência da República, e Ratinho Jr é o mais indicado”, sinalizou. Depois, cirúrgico, Paulo Octávio enfatizou o espectro político da legenda. “O Brasil não é de extrema-direita nem de extrema-esquerda. O Brasil é de centro, que é o campo político do PSD”.

Kassab costuma conversar muito com o presidente do PSD na capital da República. E ele sabe que política não é sobre lançar nomes, mas sobre criar consensos. É por isso que no momento ele trabalha para que, quando 2026 chegar, Ratinho Júnior não seja apenas mais um nome na urna, mas a aposta de uma coalizão que acredita que o Brasil pode ser governado de outra forma. Se trará resultados, o tempo dirá. Mas uma coisa é certa: quando Kassab se move, é bom prestar atenção. Ele raramente faz lances em vão.

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Misael Igreja é analista político de Notibras

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