Felipe Meirelles, Edição
O líder supremo do Irã, aiatolá Ali Khamenei, disse neste domingo que sanções continuam prejudicando a economia do país e voltou a alertar contra a confiança nos Estados Unidos, reduzindo a expectativa de que o acordo nuclear possa abrir caminho para uma maior proximidade entre Teerã e Washington. “Eles removeram as sanções apenas no papel”, disse Khamenei, maior autoridade do Irã, em discurso transmitido pela televisão para marcar o ano novo persa.
Cerca de dois meses depois de o acordo nuclear entre o Irã e seis potências mundiais, incluindo os EUA, ter entrado em vigor, Khamenei disse que o país ainda está tendo problemas para acessar serviços bancários necessários para as transações internacionais com o Ocidente e os países próximos. Ele culpou os EUA por isso. “Não temos nenhum problema com o povo americano O que estamos tratando aqui é dos políticos. Eles são os inimigos”, disse Khamenei, falando de um santuário em Mashhad, segunda maior cidade do Irã.
Sob o acordo, o Irã concordou em reduzir seu programa nuclear em troca do fim das sanções que haviam prejudicado a economia do país. O acordo abriu o mercado do Irã ao investimento estrangeiro. A União Europeia retirou o embargo de energia sobre o Irã, e os bancos internacionais foram autorizados a restabelecer ligações com o país. Outras restrições de transporte também foram suspensas. No entanto, nos EUA, algumas sanções ao Irã permaneceram, e o país está sujeito a um embargo de armas. Empresas controladas pela Guarda Revolucionária do Irã também permanecem sob sanções.
O líder supremo do Irã se pronunciou um dia depois de o presidente dos EUA, Barack Obama, falar ao povo iraniano com sua própria mensagem de ano novo, dizendo estar esperançoso de que um futuro diferente para os dois países é possível. “Mesmo que os nossos dois governos continuem tendo sérias discordâncias, o fato de que estamos agora falando uns com os outros em uma base regular, pela primeira vez em décadas, nos dá uma oportunidade – uma janela – para resolver outras questões”, disse Obama, em uma mensagem de vídeo no sábado.