A Coreia do Norte ordenou nesta quinta-feira (11) que todos os sul-coreanos abandonem imediatamente o parque industrial de Kaesong, símbolo de cooperação das Coreias durante mais de uma década, e anunciou que vai confiscar todo o material deixado no complexo.
O anúncio do Comitê para a Reunificação Pacífica da Coreia é uma resposta à decisão de Seul de interromper as operações no complexo industrial, que fica em território norte-coreano, como represália ao recente teste nuclear e ao lançamento de um foguete de longo alcance por parte de Pyongyang.
Em um comunicado publicado pela agência oficial norte-coreana KCNA, o Comitê afirma que fechará Kaesong e transformará o local em zona militar. Também anunciou o fim de todas as comunicações militares com a Coreia do Sul e o fechamento de um túnel que liga os dois países através da cidade de fronteira de Panmunjom.
Os sul-coreanos receberam a ordem de abandonar Kaesong antes das 17h locais (6h30 de Brasília) e foram informados que poderiam levar apenas os bens pessoais.
A decisão da Coreia do Norte provocou protestos em Seul, onde cartazes com a imagem de Kim Jong-un eram queimados.
Após o anúncio do Norte, a Coreia do Sul declarou que sua prioridade máxima é o retorno seguro de seus cidadãos. Dezenas de caminhões sul-coreanos já retornavam pela fronteira no início desta quinta-feira, repletos de mercadorias e equipamentos, depois de Seul comunicar sua saída.
Declaração de guerra – A Coreia do Norte classificou a decisão de Seul de suspender as operações, em retaliação ao lançamento do um foguete de longo alcance, como uma “declaração de guerra”.
“Imperdoável o ato desse grupo de marionetes de suspender totalmente a operação (em Kaesong), vendo erro no teste da bomba H e no lançamento do satélite da República Popular Democrática da Coreia (nome oficial do país)”, afirmou o norte-coreano Comitê para a Reunificação Pacífica da Coreia, referindo-se à Coreia do Sul.
A isolada Coreia do Norte desqualifica o Sul frequentemente, chamando o vizinho de marionete dos Estados Unidos, e com a mesma regularidade acusa ambos de atos de guerra contra si.
Pyongyang testou o que disse ser uma bomba de hidrogênio no dia 6 de janeiro, e no final de semana passado lançou um foguete que colocou um satélite em órbita.
EUA, Japão e Coreia do Sul acreditam que a manobra de domingo foi um teste de míssil balístico, que assim como seu quarto teste nuclear viola resoluções do Conselho de Segurança da Organização das Nações Unidas (ONU). O Senado norte-americano votou unanimemente a favor de sanções mais rígidas.