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Menina-fantasma

Kriska vive sonho fantasmagórico em cemitério

Publicado

Autor/Imagem:
Eduardo Martínez - Foto Acervo Pessoal

Kriska, apesar de não ser nome de registro, era como aquela mulher era conhecida por todos. E, para não restar dúvida de quem se tratava, caso aparecesse outra, deram-lhe logo um sobrenome, que combinava com seus modos ardidos desde os tempos de menina. Por conta de tal probabilidade, mesmo que mínima, ficou Kriska Pimentinha.

Com aquele seu jeito malagueta de ser, Kriska esbanjava simpatia, ainda mais quando sorria aquele sorriso que lhe era tão característico. Aos olhos de qualquer dentista, aquele espaço entre os dois dentes superiores da frente seria um diastema. Para outros, uma falha. Falha? Que nada! Aquilo era puro charme!

Outra qualidade daquela mulher era seu amor pelas crianças. De tanto amá-las, acabou por ter quatro. Sim, isso mesmo! Quatro! Não resta dúvida de que Kriska sabia e, melhor, gostava de amar! E como amava!

Por falar nesse carisma que Kriska possuía, vale aqui uma história, que, dizem, aconteceu no último Finados. Aliás, Dia dos Finados ocorrido no local mais propício para causos desse tipo, apesar da aversão total daquela mulher a qualquer acontecimento do além. Mas aconteceu! Fazer o quê?

Pois lá estava a nossa heroína no cemitério, para onde havia ido fazer uma visita aos túmulos dos seus parentes. Medrosa que só, não conseguiu deixar de notar uma menininha sentada num banco. Uma linda menininha, por sinal, que nem aquela que, um dia, Kriska havia sido.

Curiosa, a mulher tomou coragem e foi puxar conversa com a tal garotinha. Mal se aproximou, percebeu aqueles olhos enormes e lindos, de um tom castanho aconchegante. Kriska se abaixou e segurou uma das mãos da menina.

– Que olhos tão lindos!

– Obrigada.

– Cadê os seus pais?

– Não vieram.

– Mas você não tem medo de ficar aqui sozinha?

– Quando eu era viva, sim.

Logo em seguida, as duas riram bastante. No entanto, Kriska Pimentinha, de tão nervosa, acabou fazendo xixi na calça. A mulher, toda trêmula de medo, saiu correndo, enquanto o líquido amarelo e quentinho escorria pelas suas pernas. Correu tanto e, somente já perto da saída do cemitério, teve coragem de olhar para trás. A menina, todavia, não estava mais lá.

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