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Lado materno é escravizante, mas ter um bebê é uma felicidade sem preço

Quando estamos gestando uma criança ficamos em um estado de graça, apesar dos efeitos colaterais da gestação considero o melhor momento da vida, é tudo tão incrível, a forma como as pessoas nos tratam, o carinho e cuidado da família, os ultrassons que nos dão pequenos spoilers de como será aquele pequeno ser humano que estamos gerando.

Primeiro ouvimos os batimentos cardíacos anunciando o sopro da vida, depois a descoberta do sexo, nos fazendo sonhar e brincar com as diversas opções de nomes, esse bebê vai crescendo e ganhando cada vez mais forma onde vamos descobrindo suas características e semelhanças com os pais. O tempo vai passando e aumentando a vontade de ter esse bebê nos braços, sentir seu cheiro e conhecer cada pedacinho do seu corpo, nos deixando cada dia mais ansiosa.

Durante todo esse processo, o que não percebemos é como estamos mudando, não fisicamente, mas nossas ideias, nossas crenças, o senso crítico e só nos damos conta disso com o decorrer do tempo, no dia a dia e nos momentos desafiadores, quando em um determinado momento percebemos que não existimos mais, tivemos que morrer para dar espaço a uma outra versão que nasceu junto com esse bebê.

Voltamos a assistir desenhos e a decorar nomes de personagens, quando vamos a uma loja o primeiro lugar que procuramos é a sessão infantil para ver as novidades mais fofas para nosso pequeno mundinho, preferimos comer em lugares mais tranquilos, espaçosos e que tenha um playground, viajar também nunca mais será a mesma coisa e é aí que percebemos a dor da maternidade.

Viajamos e ficamos pensando em nosso pequeno, falando sobre ele e quando vemos algo divertido que sabemos que ele iria amar sentimos angústia.

Sentimos culpa por ter que trabalhar e investir tempo em nossa carreira profissional, as vezes nos fazendo renunciar aos nossos sonhos e objetivos para nos dedicar integralmente ao nosso filho.

Todos sabemos que criar e cuidar de uma criança é exaustivo, mas a ausência dessa criança dói muito mais, o amor que desenvolvemos a partir da gestação é sufocante, quase que escravizante. Dói deixar nosso pequeno na escola, dói vê-lo ser rejeitado pelo seu amiguinho, dói quando eles adoecem e dói tentar manter nossa individualidade, nos causando um sentimento de culpa, angústia e remorso.

É angustiante pensar na brevidade da infância, que passaremos pouco tempo com eles, porque a vida adulta é longa e a infância quase nada perto dos vários anos que temos para viver, depois de adultos essa relação irá mudar por diversas razões e não o teremos mais tão perto.

A maternidade é uma dor crônica, cada uma sentindo em uma intensidade diferente, em realidades diferentes, mas todas sofremos desse amor infinito, sem controle e quase que irracional.

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