Desde o ato midiático e inútil de demolir as margens do Lago Paranoá, sem projeto de reocupação aprovado e licitado, que inaugurou o seu governo, Rodrigo Rollemberg abriu as portas da impunidade para a especulação imobiliária.
Como fez com as casas do Lago Sul e Norte, onde os próprios moradores preservavam as margens e a fauna, sem custo para os contribuintes, as derrubadas agora pretendem invadir Áreas de Preservação Ambiental. Em fim de governo, parece que o tema deixou de ter importância ao Buriti.
Está em curso um projeto de interesses pouco esclarecidos e fundamentados. Às margens da EPPR – Estrada Parque Paranoá, ao lado do Córrego Gerivá, afirmaram os denunciantes, o funcionário de Rollemberg e administrador do Lago Norte, Marcos Woortmann, corre para pavimentar e destruir uma área que foi reflorestada pelos moradores das chácaras ali existentes.
Há dez anos eles zelam pelas árvores e a fauna que retornou ao local, após removerem toneladas de lixo ali acumuladas.
A ideia a ser implementada, segundo informações coletadas pela comunidade, é uma feira de produtos da região. Muito embora naquela área não seja produzido nenhum produto agrícola, orgânico ou não. O argumento daqueles que lutam para impedir mais uma aberração imposta pelo GDF é o de que a feira é um pretexto para grilar a área e em seguida permitir o comércio livre, quiosques, barzinhos, ambulantes e outras atividades na margem da rodovia.
O Mapa Ambiental do Distrito Federal estabelece com clareza as poligonais das diversas áreas de interesse ambiental que recebem várias definições, entre elas APA – Área de Proteção Ambiental e APM – Área de Proteção de Mananciais, que são duas definições encontradas naquela área ao lado do córrego que deságua no Paranoá, preservado até hoje pelo cuidado dos habitantes da região.
Com a remoção do reflorestamento feito e a construção e pavimentação de acessos e estacionamentos, a área será degradada com grave impacto ao sistema hídrico já combalido do nosso território. Atualmente o Lago Paranoá abastece o DF e as águas do Córrego Gerivá desaguam ao lado da estação de captação. Afirmam os moradores da região que se for instalada ali uma feira, sob qualquer argumento, será um grave atentado ao meio ambiente.
Com a feira virão as fossas, a impermeabilização, a derrubada de árvores frutíferas que hoje alimentam pássaros e morcegos.
Eles querem que sejam respeitadas a APA e a APM. Aldo César Fernandes, presidente do IBRAM – Instituto Brasília Ambiental, não foi ouvido pela reportagem, mas está com ele a responsabilidade de impedir que mais um foco de desrespeito à natureza, com grande chance de ser uma manobra para a especulação imobiliária seja concretizada.
Os ambientalistas e moradores que defendem a instalação de um parque no local, e não de uma feira suspeita, pretendem acionar as autoridades e os agentes federais de investigação, se for o caso, para saber de quem e quais são os interesse nesse projeto ao apagar das luzes. O mau cheiro antes existente ali, quando era um lixão, volta a cercar o ambiente.