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Lama entra na guerra pelo voto. Mas há guerreiros que sobrevivem

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Na reta final da campanha eleitoral em Brasília, muita gente está com os nervos a flor da pele. A batalha pelo voto se trava em diferenetes campos. Guerreiros que se imaginavam fortes, atingidos em vários flancos, abandomam o front. Mas há os que resistem por acreditarem em um ideal.

Esses que permanecem de cabeça erguida costumam relevar ataques (muitas vezes, fruto de um jogo sujo) com artilharia enlameada. São os que provam ter vocação política. Que buscam um mandato para tentar ajudar o povo. Não há vaidade. Não há interesse em se profissionalizar.

Na capital da República, em especial na guerra que se trava por uma das vagas na Câmara Legislativa, os guerreiros que se mantêm de pé são muitos. As cadeiras em disputa são 24. Os candidatos somam mil. Dizer de todos, seria cansativo. Vamos nos ater, portanto, a um exemplo, sem desmerecer dos demais.

Uma pergunta básica: o que move um candidato, em época de eleição, a passar a maior parte do dia na rua, abraçando e sendo abraçado, prometendo para depois ser cobrado e nem sempre cumprir, na maioria das vezes por motivos alheios à sua vontade. O que é trocar o carinho da família, o conforto do lar, por longas horas que levam à exaustão?

O escolhido para responder foi Robério Negreiros (PMDB). O deputado, garantiu sua vaga na Câmara Legislativa depois de amargar uma suplência. Agora, com os pés no chão, caminha para manter o mandato sem depender de cálculos de quociente eleitoral.

– Quero trabalhar mais em prol do brasiliense. Não tenho mandato. Meu gabinete é do povo. O eleitor sabe disso.

É assim, sem meias palavras, que Robério Negreiros, que foi acompanhado por um dia de campanha por Notibras, responde ao questionamento.

Nas andanças dele pelo Plano Piloto e regiões administrativas para cumprir uma extensa agenda de campanha, o candidato é recebido com sorrisos, afagos, beijos, abraços, apertos de mãos. Mas nem tudo são flores.

Robério ouve críticas, desaforos, e é xingado por estar na coligação de um governador que tenta a reeleição, apesar de um elevado índice de rejeição.

– O senhor parece ser do bem, mas não voto no senhor porque não voto no Agnelo.

Lourival Cunha, um imigrante nordestino que fez de Ceilândia sua cidade do coração há mais de 15 anos, é franco ao se dirigir a Robério. Mas o deputado não se abala. Coloca a mão no ombro do interlocutor e faz uma ponderação: “Sou legislador, não executo. Estou na Câmara para fazer leis que estão beneficiando você, que permitirá a você, aos seus filhos e netos, uma vida mais digna, com segurança, saúde, educação e transporte de qualidade”.

– Se é assim, meu voto é do senhor. Mas nele (Agnelo) não voto, diz Lourival. Robério sorri, agradece a confiança. Ouve novas queixas de outras pessoas. E mais uma vez, coerente, consegue reverter a posição e trazer para o seu lado votos que seriam usados para protestar contra o governador.

Há quem peça emprego. E com salário alto. Irônico, João Pereira da Silva, do Riacho Fundo II, diz que seu sonho é ter um cargo na Secretaria de Planejamento. Homem do mundo, João Pereira mostra ar de sarcasmo. É uma indireta sobre notícias da guerra suja das eleições. E Robério, firme, não se abala. Não se deixa tomar de surpresa. Mostra que está preparado para conversar com o eleitor.

– Meu amigo, eu faço parte de um governo. Meu partido é aliado. E para fazer as coisas andarem na linha, para que as coisas aconteçam, precisamos ter gente de confiança em alguns cargos. Deputado indica, é verdade. Mas não manda. Quem manda é o governador, é o secretário. Como você, sou um simples mortal. Mas garanto que as poucas pessoas que ocupam cargos de confiança indicados por mim, merecem o meu e o seu respeito.

João Pereira passa a mão na barba rala, nos cabelos já com tons prateados. “Sei não”, diz. “Mas vou pensar nisso. Acho mesmo que o senhor está me convencendo que está certo”. Não é certeza. Porém, Robério continua sua caminhada, acreditando que pode ter revertido mais um voto de protesto.

Enquanto está na rua mostrando o trabalho desenvolvido na Câmara Legislativa, Robério Negreiros, 36 anos, fica sem ver o sorriso dos filhos, os gestos de carinho da esposa. Talvez por isso ele seja reconhecido como um dos deputados distritais mais atuantes.

Nas caminhadas, Robério vai na frente, alguns apoiadores ao lado, distribuindo panfletos. Autor de 143 projetos de lei, ele está entre os quatro parlamentares que mais apresentaram propostas na Câmara Legislativa na atual legislatura. E mais: o deputado é  autor de 255 indicações ao Executivo que garantam mais benefício aos brasilienses. É o que diz o material de campanha.

Como parlamentar, Robério é eclético. Ele é conhecido por atuar em diferentes áreas. Sensível a todos os segmentos da sociedade, tem sido aclamado por suas iniciativas. As pessoas portadoras de necessidades especiais que o digam. Porque é dele a lei que proíbe a cobrança de sobretaxas em matrículas e mensalidades para estudantes com síndrome de down, autismo, transtorno evasivo do desenvolvimento e outras síndromes. Outra iniciativa dele, é a Lei do Primeiro Emprego.

O sol dá sinais de que vai se recolher. Robério entra no carro, vai para casa. Diz estar ansioso por um banho, para abraçar a família e voltar para as ruas na mesma noite, para discutir com a sociedade o que o povo deseja.

– Tenho certeza que estamos cumprindo com o nosso dever nesses três anos de mandato. O carinho que recebo diariamente nas ruas é reflexo de que o nosso trabalho está sendo bem conduzido. I isso me dá ânimo para continuar trabalhando. É assim que vou continuar a jornada em prol dos brasilienses, afirma, se despedindo.

Um dia puxado. A continuar assim, Robério, quem sabe, estará puxando muitos votos para as urnas.

José Seabra

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