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Laranjal cobre DF e pode mudar rumos de 2022

Experiência que se adquire com o tempo; franqueza cristalina; repúdio a promessas vãs; jogo limpo, sem estar sujeito a catões amarelo; e  credibilidade. É assim que defino, após acompanhar os últimos dias da campanha para a seccional da OAB no Distrito Federal, a vitória com M de másculo do doutor Délio Lins e Silva Jr. A ele couberam os louros do sucesso. E onde há um lado vencedor, há sempre o perdedor. E os maiores derrotados, que tentaram carregar Thaís Riedel nas costas, foram Ibaneis Rocha e Juliano Costa Couto.

No caso específico de Ibaneis, apesar de dizer que não foi derrotado, pois não teria apoiado de maneira forte a candidata Thaís, o governador perde uma batalha muito importante. É o segundo maior derrotado, e sua influência fica menor na advocacia, sua base histórica. Seu ciclo dentro da OAB/DF parece ter terminado e uma suposta candidatura à reeleição para o Palácio do Buriti, sofre um abalo forte, principalmente num meio onde era até então considerado um rei cercado de príncipes.

Já em relação a Juliano Costa Couto, dono de um sobrenome (só sobrenome) forte, foi, após Thaís, um dos que, naquele abraço de afogados, submergiu e perdeu já no meio da campanha o pouco fôlego que lhe restava para, remando contra a maré, enfrentar concorrentes. Internamente, assim como tinha proposto Jaques Veloso na eleição anterior, impondo um nome à revelia dos seus pares, novamente fez sua candidata. Conhecidos os resultado desse domingo, 21,  o que se viu é que ele foi obrigado a engolir vinagre, e não vinho feito de uvas verdes. Alguns próceres da advocacia, comentando o resultado eleitoral, avaliam que o futuro político de Costa Couto, a partir de agora, é incerto.

Definidos os maiores perdedores, vejamos quem saiu da contenda com escoriações. O mais arranhado entre os três últimos colocados, foi Evandro Pertence. Com votação reduzida, ele mostrou-se um personagem fora do espírito do tempo da atual advocacia. Sem conexão com as subseções e com os jovens, eleitores decisivos, não teve gás suficiente para empolgar seus colegas da área do Direito. E isso, apesar do seu grande poderio econômico.

Sobre Renata Amaral, a conclusão é a de que, mesmo que tenha praticamente dobrado a votação da eleição anterior, amargou uma segunda derrota consecutiva. Com isso, mostra que, sem alianças fortes, dificilmente ocupará, no futuro, a cadeira de presidente da OAB/DF. Notou-se que ela ficou isolada no grupo da esquerda, desconhecendo que para fazer política da Ordem, para constituir chapa ,há necessidade de um amálgama plural. Quanto a Guilherme Campelo, não é o caso de anátema literal. Mas só o fato e ele ter tirado o chapéu para criadores de gado sem carteirinha da OAB, mostrou, nessa eleição, que l foi excomungado por quem faz da advocacia profissão.

Identificados os que sequer receberam bandeirada de chegada nessa que foi uma corrida às urnas cheia de safety car dirigidos pela Comissão Eleitoral, vamos à formação do pódio, todo pintado de laranja:

Francisco Caputo
Após cinco eleições, o grupo por ele criado na década de 2000 se consolida como o mais vitorioso. Mesmo não tendo conseguido a reeleição no passado, fez de Délio Lins e Silva Júnior um sucessor à altura.

Max Telesca
Mostrou que fez a escolha certa ao apoiar Délio, transferindo votos, prestígio e capital eleitoral. A vitória, com grande vantagem da chapa laranja, necessariamente, passa por Telesca, que ressurge no cenário e se reinsere no seu grupo original.

Flávio Fonseca
Depois de Délio, o maior vencedor em votos. Pela primeira vez na história, uma chapa laranja vence em Taguatinga. Após ter patinado no início, ganhou fôlego na reta final embalado pela onda laranja e pela longa tradição de sua família na cidade.

Advocacia jovem, negra, mulheres e subseções
Numa profissão cada vez menos elitizada, a jovem advocacia, em especial a feminina e os negros, começam finalmente a ter o espaço justo e merecido na política da Ordem. A maioria dos profissionais da advocacia moram e atuam nas subseções, algo em torno de 70%. Mercado de trabalho, inclusão social e racial, deixaram para trás o velho discurso de prerrogativas. Estas foram as grandes pautas. O grupo verde não capturou a mensagem, não pegou a visão.

O grande vencedor

Délio Lins e Silva e o Grupo Laranja
Délio se consolida como uma das grandes lideranças do Distrito Federal, tendo espaço em qualquer mesa política. Conduziu seu grupo com maestria e maturidade, sabendo assimilar golpes da campanha mais suja da história da OAB/DF. Abriu espaços e reciclou o grupo laranja, que desempata e fica definido como o grande vencedor do ciclo histórico. De quebra, Délio e os laranjas provocam grande crise nos adversários verdes, que deverão repensar sua estratégia autocentrada e hegemonista, sob pena de desaparecer como força política vitoriosa.

A grande perdedora

Thaís Riedel e o Grupo Verde
Thaís Riedel fez menos votos do que seu antecessor, Jaques Veloso, mesmo num colégio eleitoral mais ampliado. Vai para a segunda derrota consecutiva, dado que na eleição anterior foi candidata à vice. Após uma campanha agressiva embalada por denúncias e grupos supostamente composto por milícias digitais, ficou descaracterizada no figurino bélico. Seu grupo, o verde, é o maior perdedor, pois não teve humildade de somar com os demais jogadores da oposição, como Délio, que trouxe antigos adversários, como Max Telesca, para ajudar a empurrar a campanha com segurança na linha de chegada.

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