Marta Nobre
Documento guardado no cofre do empresário Wigberto Tartuce, mais conhecido como Wigão, revela lavagem de dinheiro envolvendo o presidente do Partido Progressista (PP), senador Ciro Nogueira. Wigão é ex-deputado e tem fortes ligações no cenário político de Brasília, com tentáculos que se estendem a outras unidades da Federação.
O documento, segundo reportagem do site QuidNovi, assinada pelo repórter Mino Pedrosa, faz referência a um contrato de gaveta da compra de polêmico jato de propriedade do Banco BMG e aterrissou nas mãos dos procuradores da força tarefa da operação Lava Jato da Polícia Federal.
A investigação jogou o nome de Ciro Nogueira no volumoso inquérito que tramita entre o judiciário do Paraná e o Supremo Tribunal Federal. A aeronave matrícula PP-BMG série número 550-1045 é um modelo 550 Bravo, fabricado pela Cessna Air Craft. O certificado de matrícula e aeronavegabilidade tem o número 16.324. A reportagem lembra que o Banco BMG esteve envolvido no escândalo do mensalão do PT.
De posse do contrato de gaveta, os agentes federais rastrearam a empresa Geopetros – Geovani Petróleo e Derivados Ltda, associada à empresa Atlas Ltda, que tem contratos de prestação de serviços com as plataformas da Petrobras. Esses acordos também são alvo da Lava Jato.
Wigberto Tartuce detém 37,6% do avião e pagou U$ 980 mil dólares em espécie, correspondente à época a 1 milhão 732 mil 446 reais e alguns centavos, afirma o QuidNovi. O senador Ciro Nogueira também pagou a mesma quantia à empresa que intermediou a compra da aeronave, para ficar com o mesmo percentual (37,6%) de direitos sobre o jatinho.
As investigações atingiram a velocidade de um jato e Wigberto Tartuce tenta se desfazer do imbróglio. Uma das preocupações de Wigão é enfrentar mais um processo pela frente. Sabe-se que o ex-deputado responde por desvio de recursos do Fundo de Amparo ao Trabalhador (FAT) deixando todo seu patrimônio bloqueado em garantia de uma dívida de cerca de 100 milhões de reais.
O que a Justiça não sabia – sublinha a reportagem -, é que o avião foi comprado originalmente pela empresa Sigma Radiodifusão Ltda, inscrita no CNPJ 37.993. 094/0001-57, de propriedade de Flávia Tartuce, filha de Wigão. Ela também estaria com os bens bloqueados.
Segundo proprietários de hangares por onde a aeronave passou, vários políticos do alto escalão da República voaram neste avião. Muitas confidências teriam sido reveladas na cabine da aeronave. O QuidNovi inica como passageiros contumazes o empresário Benedito Rodrigues, o Bené, e o governador de Minas Gerais Fernando Pimental, que trocavam segredos regados a champanhes e canapés.