A decisão do presidente do Supremo Tribunal Federal, ministro Dias Toffoli, de suspender os processos contra o senador Flávio Bolsonaro alimentados com dados fornecidos pelo Coaf, colocou a Lava Jato na UTI. Agora só falta desligar os equipamentos e cortar o oxigênio para matar de vez a maior operação de combate à corrupção no Brasil.
Essa a opinião do coordenador-geral da Lava Jato no Rio de Janeiro, procurador Eduardo Hage. O gesto monocrático de Toffoli afetará praticamente “todas as investigações de lavagem de dinheiro no Brasil”, disse o procurador, referindo-se à suspensão das ações que envolvem o filho do presidente da República
Segundo Hage, ao exigir decisão judicial para a utilização de relatórios do Coaf, o STF “aumenta o já combalido grau de congestionamento do judiciário brasileiro”. Trata-se, enfatizou, de um “retrocesso sem tamanho que o MPF espera ver revertido pelo plenário (do STF) o mais breve possível”.
Ao menos dois deputados federais fizeram coro a Eduardo Hage. Marcelo Calero (Cidadania-RJ) classificou a decisão de Dias Toffoli como “inacreditável”. Na mesma linha foi Ivan Valente (PSOL-SP), que viu a decisão do ministro como “falta de vergonha na cara” e “deboche criminoso”.
Já o senador Randolfe Rodrigues (Rede-AP) avalia que a medida pode favorecer o crime organizado em geral. “A decisão de Toffoli põe em xeque a essência do Coaf, vai na contramão de mecanismos de combate à lavagem de dinheiro e nos coloca em desvantagem na luta contra a corrupção. Longe de “salvar” apenas Flávio Bolsonaro, essa posição favorece o crime organizado”, afirmou o parlamentar.