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Lava Jato tenta provar que vínculo de Lula com sítio de Atibaia não é um mero mito

Ricardo Brandt

A força-tarefa da Operação Lava Jato investiga as relações imobiliárias entre o ex-presidente Luiz Inácio Lula da Silva e seu compadre, o advogado Roberto Teixeira. A empresa Mito Participações – registrada em nome da família de Teixeira – é um dos alvos dessa frente de apuração, que busca identificar o verdadeiro proprietário do sítio Santa Bárbara, em Atibaia (SP), usado pelo ex-presidente. A atuação de Teixeira na aquisição da propriedade também é investigada.

A firma foi citada na Operação Aletheia, 24.ª fase da Lava Jato que resultou na condução coercitiva de Lula na sexta-feira.

A Mito Participações é uma empresa aberta em 1980 por Teixeira que tem propriedades rurais e urbanas e também é usada para pagamentos de despesas da família. Alvo de ações de cobrança na Justiça paulista, a empresa tem sede no andar de baixo de onde funciona o escritório Teixeira, Martins & Advogados, do compadre e seu genro Cristiano Zanin Martins – defensor da família de Lula.

Como revelou o jornal O Estado de S. Paulo, foi neste endereço que, em 2010, foi oficializada a compra do sítio Santa Bárbara, em nome de dois sócios – Jonas Suassuna e Fernando Bittar – do filho mais velho de Lula, Fábio Luís, o Lulinha. Fernando Bittar é filho do ex-prefeito de Campinas Jacó Bittar (PT), amigo de Lula.

A atuação de Teixeira no negócio foi destacada pela força-tarefa da Lava Jato. “O fato de Roberto Teixeira ter participado da aquisição do sítio, tendo sido inclusive lavradas as escrituras das compras em seu escritório, somado à circunstância de Teixeira ser bastante próximo de Lula e de sua família, e não de Jonas Suassuna e Fernando Bittar, formais adquirentes do sítio, é mais um sinal de que esses ‘amigos da família’ serviram apenas para ocultar o fato de que foi em favor de Lula que o sítio foi adquirido”, dizem os investigadores no pedido de buscas da operação de sexta-feira.

A propriedade rural é o foco da força-tarefa em inquérito aberto no início do mês. Além da suspeita sobre os donos efetivos, a reforma e a instalação de uma antena de telefonia celular da Oi, ambas em 2011, ao lado da área estão sob apuração. A força-tarefa mira em pelo menos duas empreiteiras alvo da Lava Jato – OAS e Odebrecht – que podem ter custeado obras no sítio, em 2011, como compensação por contratos na estatal.

Compadrio – Um dos imóveis em nome da Mito é o apartamento onde mora o filho mais novo de Lula, Luís Cláudio, no bairro dos Jardins, em São Paulo. O imóvel é avaliado em mais de R$ 1 milhão. Luís Cláudio é afilhado de Teixeira e mora no imóvel sem pagar aluguel.

Luís Cláudio foi batizado por Teixeira e sua mulher, em Monte Alegre do Sul (SP), onde a família do advogado tem dez áreas registradas no cartório. Ao menos cinco delas compõem os sítios Valeska e Ilh’arissa, única propriedade onde Teixeira passa os fins de semana e que era frequentada por Lula, antes de assumir a Presidência, em 2003.

Dessas terras em Monte Alegre da família Teixeira, a Mito aparece como dona de duas delas: os sítios Pindura Gaiola I e Pindura Gaiola III, disponíveis para locação e venda. A Mito, segundo cadastro, é especializada em incorporação de imóveis. Em Monte Alegre, as despesas da família Teixeira, como combustível e mercado, são faturadas em nome da firma. “Aqui tudo sai em nome de uma empresa chamada Mito”, diz um funcionário do comércio local que não quis se identificar.

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