Figura de ficção
Lawrence da Arábia diz que volta porque é o mais amado do povo
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emUma enxadada e várias minhocas predadoras. Tem sido assim com o presidente mais armado que o país já teve. Acusado de um presente que não pediu, mas que não queria devolver, sua (ex)celência foi o que pode ser, isto é, nada. Falar de Jair Messias é fácil. Difícil é encontrar alguma coisa boa para falar dele. Não chamo isso de perseguição, porque seria crime perseguir cachorro morto. O problema é o próprio. Mesmo longe, o grande mito do cercadinho não consegue deixar de produzir asneiras. Portanto, enquanto ele existir haverá muito mais besteiras no ar do que aviões de carreira. A última delas foi a sinalização de que pretende concorrer às eleições presidenciais de 2026. Nem fantasiado de Xuxa, de Bozo ou de Bozó.
Pré-inelegível, é bom começar a torcer para que fique só nisso. Afinal, todo pesadelo para os toscos é pouco. Perdão pela sinceridade, mas foi melhor para todos o ressurgimento do barbudo de Garanhuns. Com Jair, o Brasil não corria o menor risco de dar certo. Quase faliu nos últimos quatro anos. Como disse Shakespeare, que época terrível quando idiotas governam pessoas cegas. Tudo bem. À época, a ordem superior era permitir a vitória dos medíocres, sob pena do pau quebrar em Casa de Noca. Não sei quem é Noca, mas certamente não é uma qualquer. Pelo que vivemos, parece alguém que estimula qualquer um a agir fora das quatro linhas.
Laranja mal chupada, figura de ficção, o moço é a síntese máxima de que uns nascem para fazer sucesso, outros fazem sucesso sem esforço, mas alguns se esforçam, matam, morrem, mas sucumbem medíocres. Pretensioso ao extremo ao afirmar, dos EUA, que é o ex-presidente mais amado do Brasil, Jair esqueceu de dizer que o mais puro ódio é criado com o amor. Em outras palavras, é melhor o ódio verdadeiro do que o amor falso. E assim caminha a humanidade bolsonariana. Do meu lado, prefiro deixar claro que o ódio é um sentimento muito forte para se ter por alguém de quem nunca gostei. Meu caro ex-qualquer coisa que não seja presidente, dizer que sua missão não acabou é mais uma deslavada mentira. Melhor seria ter humildade para lembrar que ela sequer começou.
Tanto é verdade que seu silêncio ensurdecedor é muito pior do que uma eventual futura reclusão. O crepúsculo de um mito temporário na Flórida de Donald Trump só não é mais pesaroso do que a ausência da patroa, hoje preocupadíssima com seus próximos passos na política. As fotos de arquivo nas redes sociais também provam que os tempos do imbrochável acabaram. Quem diria que um dia fosse dar de cara com o homi que há dois meses e dias achava que liderava o 5º maior país do mundo comendo frango frito em fast-food ou em supermercados norte-americanos. Seria bizarro e cômico se não fosse trágico. A bizarrice extrema é culpar a esquerda pelos atos de 8 de janeiro. Além de brincalhão, demagogo e fujão, é vocacionado para a farsa e para a lorota.
Uma pena, mas até seu retrato na parede do Planalto levará tempo. Talvez nem ponham, embora seja praxe, norma ou costume a aposição, a cada quatro anos, da foto do último chefe de cada um dos três poderes nos respectivos palácios. É a chamada galeria de ex-presidentes. Como as paredes do Planalto foram derrubadas ou vandalizadas pelos terroristas denominados “patriotas”, provavelmente o retrato de Jair não passe de um grude no reboco. A história e a vida são cruéis com aqueles que usaram de crueldade contra os seus. A conta chegou. E com promissórias com datas marcadas. Tudo pra lá de joia. Como num conto de fados e fotos, foram-se os anéis, os colares, as gargantilhas árabes e os dedos. Pensar e agir como menino birrento e querer o que não é seu acaba mal. Por causa de umas “míseras” joias, o novo Lawrence da Arábia virou mais uma piada internacional. Confundiu panificadora com peidaria e deu no que deu.